terça-feira, 15 de março de 2011

O ser catequista

Catequista veja o filme e medite...


"
Este filme transporta um conjunto de mensagens muito ricas sobre o ser do catequista.

Em primeiro lugar, destaco a figura do oleiro: parece um monstro, mas com um coração e uma pedagogia de ouro. Faz-me lembrar do filme, a bela e o monstro. O monstro também é capaz de amar, e melhor do que ninguém.

Depois reparo na atitude do aprendiz. Quer aprender, mas o oleiro não ensina tudo. A melhor forma de o fazer é incentivando a trabalhar, a esforçar-se, a não desistir à primeira.

Quando consegue a primeira peça perfeita, não se sente ainda realizado. Quer mais… quer imitar o mestre. Este parece fazer tudo facilmente. Qual o segredo? Está no coração, no amor, em amar o barro, numa força espiritual que brota de dentro e não nas nossas capacidades.

Ah. Descobriu. Mas… o barro ganha vida… e foge… e agora?
É preciso respeitar o barro, a sua essência, a sua identidade.
Para isso é preciso criar empatia, saber acolher.
Para isso coloca as mãos em posição de acolhimento, como que a convidar.
Pelo gesto, e pelo olhar, o barro sente-se respeitado e acolhido.
E vem. E já não é o oleiro a ditar o que quer fazer.
Orienta, acompanha, mas deixa-se conduzir pela dinâmica pessoal do barro.

Porque aquele barro tem dentro de si uma vida própria, e bela, que se revelará no final: a beleza da peça, com uma identidade única, e com um coração próprio.

O catequista é alguém que tem de aprender de Deus.
Alguém que precisa ser, saber e saber fazer. Isso constrói-se, treinando, estudando, fazendo. Sem desistir. Mas só consegue realmente alguma coisa, quando se sente insatisfeito, e não se instala na rotina, considerando as suas capacidades e vontades.

A verdadeira pedagogia vem do coração. Do amor ao outro. Amor que se traduz em empatia, respeito, escuta, diálogo, conhecimento. Com estas atitudes, consegue que a criança se sinta acolhida e respeitada na sua especificidade. Não as trata todas por iguais. Mas escuta, deixando-as descobrir o tesouro que transportam dentro delas. O catequista orienta. Porque ninguém educa ninguém.
Nós é que nos educamos a nós próprios, descobrindo a semente de que somos portadores, e fazendo-a descobrir. Os outros, são apenas modelos, pontos de referência, que ajudam a reflectir e apresentam ideais. Se forem interiorizados, temos educação. Se forem impostos, temos domesticação, que mais cedo ou mais tarde, irá fazer saltar os efeitos com comportamentos desviantes ou traumatizantes."


P José Sá

3 comentários:

José Sá disse...

Sou o P. José Sá. Obrigado pelo feedback. É um incentivo para continuar este projecto.

carla disse...

Sou catequista e tenho que confessar que nunca pensei a catequese desta forma...Tive sempre o cuidado de preparar bem a catequese e seguir o itenerário: acolhimento; experiencia humana..., mas hoje fico muito preocupada com o filme e a explicação. Tenho que reflectir muito, pedir a ajuda do Espirito Santo, quero que o tesouro que transportam seja por eles descoberta.

Não fique por aqui.
Obrigada também ao Padre José Sá.

Querer disse...

Boa noite!
Gostei muito do filme e da visão do Padre José Sá, mas na catequese da minha Paróquia é muito dificil, senão mesmo impensável deixar que a descoberta se faça desta forma...grupos de 25 a 30 crianças ou mais é quase o tempo todo a mandar calar...
As catequistas são poucas...penso que assim talves fosse melhor acompanhar as crianças à Eucaristia e deixar o Espirito Santo actuar, sem nós a estragar...

Obrigada por fazer esta postagem