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segunda-feira, 19 de novembro de 2018

"A mais-valia da pobreza"


A pergunta é estranha. Mas, infelizmente, tem lógica. Pelo menos, a julgar pelos epifenómenos.

Por exemplo, se o Estado taxa ilegalmente com impostos –por vezes, impostos de riqueza- as “Casas dos Pobres”, habitações edificadas a partir das esmolas dos fiéis para servirem de esmola a quem nada pode pagar de renda e nem sequer assegura a sua manutenção, indiretamente, não está a expulsar esses inquilinos ou outros hipotéticos para a condição de sem-abrigo? Incentiva que se façam mais “Casas dos Pobres”?

E se apenas conhece a repressão para impor o seu «pensamento único», no que à segurança social diz respeito, fechando ostensivamente as instituições não-estatais, denota efetiva preocupação com os mais débeis?

Ao dificultar a legalização dos imigrantes, não está a atirá-los para as mãos de vampiro de empregadores que lhes retiram toda e qualquer documentação e os «escondem» para os obrigar a fazer verdadeiro trabalho escravo?

Resultado de tudo isto: como o Estado ignora a promoção e o desenvolvimento integral, replica a pobreza que atinge níveis que deveriam fazer soar as sirenes sociais. Sim, 2.000.000 de pobres em Portugal, quase um quarto da população, é desastre total! O regresso do trabalho escravo é desastre total!

E isto interessa a alguém? O único que, positivamente, lucra com isto é o Estado: as frequentes recolhas de alimentos junto dos supermercados rendem-lhe alguns milhões em IVA e outros impostos.

A celebração deste II Dia Mundial dos Pobres exige que acordemos e abramos os olhos para a realidade. E exige que inquietemos as consciências. Mesmo a do Estado, se se provar que a tem.

Mas exige mais: que os membros da Igreja, mormente os seus «dirigentes», jamais esqueçam o exemplo d’Aquele a Quem testemunhamos, “Nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, Se fez pobre por nós, para nos enriquecer com a sua pobreza” (2 Cor 8, 9).

Até porque, por uma feliz coincidência, o Dia Mundial dos Pobres ocorreu no Dia dos Seminários.
IN Diocese do Porto

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

"Não deixemos cair no vazio esta oportunidade de graça"

Parte da Mensagem do Papa Francisco Para o II Dia Mundial dos Pobres que é já no próximo domingo dia 18

(...)
Neste Dia Mundial, somos convidados a tornar concretas as palavras do Salmo: «Os pobres comerão e serão saciados» (Sl 22,27). Sabemos que no templo de Jerusalém, depois do rito do sacrifício, tinha lugar o banquete. Esta foi uma experiência que, no ano passado, enriqueceu a celebração do primeiro Dia Mundial dos Pobres, em muitas dioceses. Muitos encontraram o calor duma casa, a alegria duma refeição festiva e a solidariedade de quantos quiseram compartilhar a mesa de forma simples e fraterna. Gostaria que, também neste ano e para o futuro, este Dia fosse celebrado sob o signo da alegria pela reencontrada capacidade de estar juntos.

Rezar juntos em comunidade e compartilhar a refeição no dia de domingo é uma experiência que nos leva de volta à primitiva comunidade cristã, que o evangelista Lucas narra em toda a sua originalidade e simplicidade: «Eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à união fraterna, à fração do pão e às orações. […] Todos os crentes viviam unidos e tinham tudo em comum. Vendiam terras e outros bens e distribuíam o dinheiro por todos, de acordo com as necessidades de cada um» (At 2,42.44-45).

(...) As palavras do Apóstolo são um convite a dar plenitude evangélica à solidariedade com os membros mais fracos e menos dotados do corpo de Cristo: «Se um membro sofre, com ele sofrem todos os membros; se um membro é honrado, todos os membros participam da sua alegria» (1 Cor 12,26). Na mesma linha, exorta-nos na Carta aos Romanos: «Alegrai-vos com os que se alegram, chorai com os que choram. Preocupai-vos em viver de acordo uns com os outros; não vos preocupeis com as grandezas, mas entregai-vos ao que é humilde» (12,15-16). Esta é a vocação do discípulo de Cristo; o ideal para o qual se deve tender constantemente é ter em nós cada vez mais «os mesmos sentimentos, que estão em Cristo Jesus» (Flp 2, 5).

(...) Santa Teresa de Ávila deixou escrito no seu Caminho de Perfeição: «A pobreza é um bem que encerra em si todos os bens do mundo; assegura-nos um grande domínio: quero dizer que nos torna senhores de todos os bens terrenos, uma vez que nos leva a desprezá-los» (2,5). Na medida em que formos capazes de discernir o verdadeiro bem é que nos tornamos ricos diante de Deus e sábios diante de nós mesmos e dos outros. É mesmo assim: na medida em que se consegue dar à riqueza o seu justo e verdadeiro significado crescemos em humanidade e tornamo-nos capazes de partilhar.

10. Convido os irmãos bispos, os sacerdotes e de modo particular os diáconos, a quem foram impostas as mãos para o serviço dos pobres (cf. At 6,1-7), juntamente com as pessoas consagradas e tantos leigos e leigas que, nas paróquias, associações e movimentos, tornam palpável a resposta da Igreja ao clamor dos pobres, a viver este Dia Mundial como um momento privilegiado de nova evangelização. Os pobres evangelizam-nos, ajudando-nos a descobrir em cada dia a beleza do Evangelho. Não deixemos cair no vazio esta oportunidade de graça. Neste dia, sintamo-nos todos devedores para com eles, a fim de que, estendendo as mãos uns aos outros, se realize o encontro salvífico que sustenta a fé, torna concreta a caridade e habilita a esperança a prosseguir segura no caminho rumo ao Senhor que vem.