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terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Carnaval - refletir com...

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A Igreja antiga, especialmente a oriental, a ortodoxa, elaborou toda uma reflexão do céu como uma dança celeste e Deus como o Grande Dançarino.
Criou o universo num momento auge de sua dança: jogou para um lado as galáxias, para outro as estrelas, depois inventou a fauna e a flora e num passe mágico de dança, o ser humano. Tudo é fruto do Deus dançarino.
Não há festa sem bebida e sem comida. Elas expressam a vida.
Não bebemos nem comemos para matar a fome. Isso é outro momento. Bebemos e comemos para celebrar. E toda festa tem que ter abundância de comida e bebida, senão não é festa. Mesmo nas comunidades em que trabalhei, muito pobres, as festas eram feitas com abundante pipoca e coca-cola, a ponto de sobrar. Tem que sobrar senão a festa não é boa.
(...)
No carnaval se volta ao caos originário. Ele nunca é caótico, mas criativo. No carnaval todos tem a sensação: finalmente estamos livres, podemos viver como gostaríamos, podemos inverter os papéis porque eles não passam de papéis. O carnaval é uma metáfora do que pode ser a humanidade um dia reconciliada e feliz.

Mas como tudo o que é sadio pode ficar doente, assim no carnaval há doenças no sentido de alguns extrojetarem seu exibicionismo, se embebedarem em demasia e aproveitarem a liberdade reconquistada para se vingar dos desafetos. Mas essa é uma patologia, uma doença. E toda doença remete à saúde. Quer dizer, o carnaval é algo saudável especialmente em sociedades de grande desigualdade. No carnaval as desigualdades caem. Todos estamos juntos para festejar, comer e beber numa ilimitada fraternidade.

Eu não posso me imaginar o céu senão como um eterno carnaval ou então uma luminosa virada de ano na praia de Copacabana, na qual todos se confraternizam, conhecidos e desconhecidos, chorando de alegria pela beleza dos fogos. Quando alguém chega ao céu, imagino eu, Deus lhe prepara como recepção um carnaval ou uma festa de virada de ano com fogos e luzes sem fim. E a alegria começará e o bom é que será então eterna. Bom carnaval para quem gosta.
Leonardo Boff