"Vivemos num mundo de luzes. Luzes aqui na terra em que vivemos, luzes que produzimos com a nossa ciência, como a luz elétrica. Luzes que foram criadas por Deus, como o sol, a lua, as estrelas, os brilhos imensos dos espaços do universo. Luzes intelectuais que tantas ciências boas desenvolveram para o bem da humanidade. Luzes morais e espirituais que Deus deu à porção mais querida da sua criação, a humanidade, e sem as quais os seres humanos caem nas trevas do erro, da discórdia, da insatisfação pessoal, da violência mesmo.
O que mais importa é fixarmos os olhos do nosso coração nas luzes que são guia certa e segura para nossa vida.
A Epifania é a festa da manifestação do Filho de Deus, Jesus Cristo, a todos os povos. Manifestação que começou com a contemplação, pelos magos, duma luz, duma estrela extraordinária que os conduziu à adoração do Deus nascido em Belém. E a luz não só se manifestou aos olhos físicos dos magos, mas especialmente aos olhos do espírito, pois viram um menino e nele adoraram um Deus: a luz da estrela transformou-se neles em luz de fé. E a gratidão nasceu-lhes no coração e levou-os a oferecerem presentes ao Menino. E quando voltaram às suas terras proclamaram o que tinham visto e sentido. Aceitar a luz que vem do alto produz a luz da fé que transforma a vida do indivíduo e lhe dá a capacidade de ver mais longe, de ver Deus nos acontecimentos da vida.
Como os pastores que foram ao presépio, também os magos se transformaram em missionários de Cristo nas suas terras. É algo que qualifica a vida dos verdadeiros crentes: tornam-se epifanias de Cristo para os que com eles contactam. Foi o que aconteceu na nossa terra através dos séculos: tornou-se num presépio em que tantos encontraram o mesmo Menino da salvação, uma terra de onde partiram tantas estrelas a indicarem mundos além o caminho do Evangelho. Os magos, a uma certa altura da viagem, perderam de vista a estrela. Mas não desanimaram: perguntaram, informaram-se até a encontrarem de novo. O mesmo na nossa terra: outras luzes brilharam e, para muitos, o presépio desapareceu do radar dos seus corações. Que bom comportarmo-nos como os magos: perguntarmos, informarmo-nos, trilharmos de novo o caminho que leva a Belém, matarmos a sede de infinito, a náusea que a falta de valores tantas vezes causa em nós.
No presépio da nossa vida, lá está ela, Maria, de braços estendidos para nos entregar o Menino. Mas o Menino, só as crianças o compreendem, o abarcam. Aos grandes falta o espaço. E o salmo 131 aguça a nossa curiosidade. Afinal, o Céu vai ser a terra das crianças, pois está escrito: «Se não vos tornardes como as crianças, não sereis do Reino», diz-nos o Livro (Mateus 18,3). Epifanias, apontadores – é isso que devemos ser. Aqui e pelo universo inteiro"
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