sábado, 16 de novembro de 2019

Igreja/Direito: Papa questiona «irracionalidade punitiva» dos sistemas penais

Igreja/Direito: Papa questiona «irracionalidade punitiva» dos sistemas penais:
Cidade do Vaticano, 15 nov 2019 (Ecclesia) –
Visita do Papa a uma cadeira feminina no chile
O Papa questionou hoje no Vaticano o que denominou como “irracionalidade punitiva” dos sistemas penais, falando perante especialistas de vários países, reunidos para um congresso sobre Justiça Criminal e Negócios Corporativos. Num encontro transmitido pela Santa Sé, Francisco declarou que essa irracionalidade punitiva se manifesta, “nas prisões em massa, aglomeração e tortura nas prisões, arbitrariedade e abusos das forças de segurança, expansão da esfera da pena, criminalização dos protestos sociais, abuso de prisão preventiva e recusa das mais elementares garantias penais e processuais”.
O Papa falava aos participantes no XX Congresso Mundial da Associação Internacional do Direito Penal, que decorre em Roma até sábado, sobre o tema ‘Criminal Justice and Corporate Business’. 

Francisco alertou para o crescimento de uma “cultura do desperdício e do ódio”, que se manifesta em “ações típicas do nazismo”, com “perseguições contra judeus, ciganos e pessoas de orientação homossexual”.
 A intervenção questionou o “uso arbitrário” de detenção preventiva, por considerar que coloca em causa “o princípio de que qualquer réu deve ser tratado como inocente até que uma condenação final determine a sua culpa”. 
O Papa manifestou a sua preocupação de que uma “demagogia punitiva” degenere em “incentivo à violência ou ao uso desproporcional da força”. 

Em relação ao tema do congresso, o pontífice apontou à macrodelinquência das empresas, num contexto de “globalização do capital especulativo”. “O capital financeiro global está na origem de crimes graves, não apenas contra a propriedade, mas também contra as pessoas e o meio ambiente”, acusou. 
A intervenção apontou como exemplo a especulação financeiro com títulos da dívida pública e o uso de paraísos fiscais, “um expediente que serve para ocultar todo o tipo de crimes”. O capital financeiro global está na origem de crimes graves, não apenas contra a propriedade, mas também contra as pessoas e o meio ambiente. É responsável pelo crime organizado, entre outras coisas, pelo excesso de endividamento dos Estados e pelo saque de recursos naturais do nosso planeta”.
Francisco considerou que estão em causa situações com “a gravidade de crimes contra a humanidade, quando levam à fome, pobreza, migração forçada e morte por doenças evitáveis, desastres ambientais e etnocídio dos povos indígenas”. (…) Lê mais 

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