sábado, 7 de julho de 2018

"De onde és tu"

1. O Evangelho deste Domingo XIV do Tempo Comum (Marcos 6,1-6) enlaça no do Domingo passado (XIII), pondo Jesus a sair de lá (ekeîthen) (Marcos 6,1), isto é, de Cafarnaum, da casa de Jairo (Marcos 5,35-43), e a dirigir-se para a sua pátria (pátris) (Marcos 6,1), ao encontro dos seus familiares e conterrâneos, sendo o sábado e a sinagoga (Marcos 6,2) o natural lugar desse encontro. Esta primeira ida de Jesus à sua pátria fica a marcar também, no Evangelho de Marcos, a última vez que Jesus ensina numa sinagoga (Marcos 1,21.23.29.30; 3,1; 6,2), e também o sábado será mencionado apenas mais uma vez, precisamente na manhã de Páscoa (Marcos 16,1).

2. E, portanto, tudo neste texto, neste encontro, assume um carácter decisivo. Desde logo a escolha do termo «pátria», que carrega consigo um significado mais intenso e mais amplo do que o mais habitual de «povoação». Com esta forma de dizer, este decisivo encontro com Jesus não fica apenas circunscrito a uma pequena região da Galileia, mas prefigura já o encontro de Jesus com o inteiro Israel, e a rejeição que lhe será movida por este. São mesmo já visíveis desde aqui as resistências ao Evangelho radicadas no nosso coração, e que o Quarto Evangelho porá a claro: «Veio para o que era seu, e os seus não o receberam» (João 1,11). Mas também esta última vez a ensinar na sinagoga, e este sábado que aponta para aquele último «passado o sábado» (Marcos 16,1), devem gravar em nós evocações e apelos decisivos. Tudo o que tem sabor a último carrega um particular peso específico.

3. Aventurando-nos um pouco mais dentro do texto, não ficaremos certamente admirados por vermos que estes conterrâneos de Jesus estejam a par das suas humildes e bem conhecidas raízes geográficas e familiares que, na mentalidade antiga, determinam a identidade e a capacidade da pessoa. Notaremos ainda, sem grande espanto, que os conterrâneos de Jesus sabem, em termos anagráficos, muito mais do que o leitor, sobre Jesus: dele sabem indicar a família, a profissão, a residência. O que nos deve espantar, isso sim, é que aqueles conterrâneos de Jesus não saibam dizer «DE ONDE» (póthen) lhe vem aquela sabedoria única e os prodígios que realiza.

4. Às vezes, por termos os olhos tão embrenhados na terra, nas coisas da terra, não conseguimos ver o céu! Veja-se a iluminante cena da cura do cego de nascença (João 9). Em diálogo com o cego curado, os fariseus acabam por afirmar acerca de Jesus: «Esse não sabemos DE ONDE (póthen) é» (João 9,29), ao que o cego curado responde, apontando a cegueira deles: «Isso é “espantoso” (tò thaumastón): vós não sabeis DE ONDE (póthen) Ele é; e, no entanto, Ele abriu-me os olhos!» (João 9,30). Que é como quem diz: só não vê quem não quer! Tal como o cego, e fazendo uso da mesma linguagem, também Jesus “estava espantado” (ethaúmazen) com a falta de fé dos seus conterrâneos (Marcos 6,6). Note-se bem que a falta de fé aqui assinalada não é apenas a negação de Deus. É a rejeição de Jesus em nome de uma errada conceção de Deus. Podemos dizer mesmo: para salvar a honra de Deus. Veja-se bem até onde pode chegar a nossa cegueira!

5. Numa altura em que se continua a falar da «receção» do Concílio II do Vaticano, dado que ainda estamos na esteira da celebração dos 50 anos da sua realização (1962-1965), podemos falar também, com as devidas distâncias, da «receção» de Jesus e do seu Evangelho. O texto diz-nos que os seus conterrâneos não o receberam, não se deixaram atravessar por Ele, pelo Céu que Ele indicava e trazia consigo. Ponte para o próximo Domingo (XV), em que ouviremos o episódio que se segue imediatamente ao de hoje (Marcos 6,7-13). Aí, Jesus enviará os seus Doze Apóstolos, dois a dois, despojados de meios ou de equipamento, para ressaltar bem a importância do Anúncio do Evangelho. Mas a ponte entre os dois textos e respectivos Domingos está em que ouviremos Jesus dizer aos seus Apóstolos: «Qualquer lugar (tópos) que não vos “receba” (déxetai)…». Os livros dizem que, em Marcos, o verbo «receber» (déchomai) está sempre referido a Jesus. Trata-se de «receber», de «acolher» Jesus. É então também fácil ver qual é o «lugar» que não «recebeu» Jesus. Mas o problema é sempre este: e nós?

6. A figura de Ezequiel, profeta frágil, mas que aponta para um «Deus que dá força» (etimologia do seu nome), por 93 vezes interpelado por Deus com a locução «Filho do Homem», é por Deus incumbido da missão difícil de ser sentinela (tsopeh) (Ezequiel 3,17; 33,7) da casa rebelde de Israel, junto do rio Cobar, em Tel ’Abîb (Ezequiel 1,1-3; 3,15), na Babilónia, uma espécie de «pároco dos exilados». Tel ’Abîb significa «colina da primavera» ou das «espigas». É um lugar duro de exílio, mas, porque lembra a primavera, é também um nome carregado de esperança. Os judeus deram este nome significativo a uma das primeiras colónias que fundaram na Palestina, junto da costa Mediterrânica, em finais do século XIX, onde se situa hoje a capital política de Israel. O rio Cobar é um canal de irrigação, hoje chamado Shatt Ennil, que parte do Eufrates para irrigar a cidade de Nippur, onde os Babilónios instalaram deportados oriundos de diferentes proveniências, entre os quais se contam os deportados de Judá. Na sua fragilidade e na rejeição que experimenta, o profeta Ezequiel ajuda a perceber e a «receber» melhor a figura de Jesus, o Deus feito homem, que a si mesmo se diz nos Evangelhos, por 82 vezes, «Filho do Homem».

7. E São Paulo dá testemunho, na Segunda Carta aos Coríntios (12,7-10) da força nova de Cristo, que o habita: «Basta-te a minha graça, pois é na fraqueza que se manifesta a minha força» (2 Coríntios 12,9). E ainda: «Quando sou fraco, então é que sou forte» (2 Coríntios 12,10).
(...)
Mesa de Palavras

quarta-feira, 4 de julho de 2018

Intenção de oração proposta pelo Papa para o mês de Julho

"Acompanhar e apoiar os sacerdotes: esta é a intenção de oração proposta pelo Papa Francisco neste mês de julho.

“Rezemos juntos para que os sacerdotes que vivem com dificuldade e na solidão o seu trabalho pastoral se sintam ajudados e confortados pela amizade com o Senhor e com os irmãos”, afirma o Pontífice em seu sétimo vídeo do ano. “Nesses momentos, é bom lembrar que as pessoas amam seus pastores”, acrescenta.

Segundo a última edição Anuário Pontifício, no mundo existe 415.656 sacerdotes. 37,4% se concentram na América, seguida da Europa com 31,6%, da Ásia com 15,1%, África com 13, 4% e, por último, Oceania com 2,5% dos presbíteros. Todos eles devem desenvolver seu trabalho pastoral para alcançar os mais de 1,2 bilhão de católicos distribuídos pelos cinco continentes.

“O cansaço dos sacerdotes… sabem quantas vezes penso nisto?”, reflete o Papa. “Diante de tantos desafíos, não podem ficar parados depois de uma desilusão.”

"A missão que o Senhor confia aos seus 'pastores' implica uma total entrega ao serviço dos outros e da missão, o que é muito exigente e, sem uma profunda amizade com o Senhor, sem oração, e o apoio de uma comunidade, isso não é possível. Por isso o Papa convida a acompanhar com amizade os sacerdotes", comenta o Pe. Frédéric Fornos, SJ, Diretor internacional da Rede Mundial de Oração do Papa e do Movimento Eucarístico Juvenil."
(Radio Vaticano)

“A cidade inteira saiu ao encontro de Jesus. E logo que O viram, pediram-Lhe que fosse embora da região.” (Mt 8, 34) Muitos não querem mudar de vida, desejam continuar em sua zona de conforto e continuar levando uma vida de pecado e escuridão. 

Onde me encontro hoje? Nas pessoas que desejam ser iluminadas por Jesus e aceitam o desafio de deixar-se transformar no dia a dia, ou naquelas que se submetem ao comodismo e às facilidades deste mundo?

(Click To Pray)

segunda-feira, 2 de julho de 2018

"E vós quem dizeis que Eu Sou"

"A sua grande paixão era fazer a vontade de Deus, e libertar as pessoas das amarras do sofrimento e do pecado. Quando fazia o bem gostava de sublinhar que o seu modo de agir correspondia à vontade daquele que o enviou (Jo 5, 30).

O evangelho de São João diz que o Espírito Santo habitava nele com a plenitude dos seus dons: “Aquele que Deus enviou transmite a Palavra de Deus, pois Deus não lhe deu o Espírito por medida” (Jo 3, 34). Na verdade, a revelação de Deus atingiu a plenitude com a sua mensagem.

Por vezes, as pessoas chamavam-lhe o profeta de Nazaré. A sua Palavra tinha uma força tal que ninguém ficava indiferente àquilo que anunciava. Tomava sempre a defesa dos que não eram capazes de se defender. Como acontece com os profetas, nunca teve a pretensão de ser rico ou poderoso. Defendia a partilha dos bens como caminho para chegar à abundância: “Se as pessoas tiverem a coragem de partilhar, sugeria ele com as suas palavras e atitudes, os bens da terra chegarão para todos e ainda vai sobrar."

Era manso e humilde de coração e amava sem fingimento. Preferia conviver e acompanhar com os pobres e a gente simples. Amava tanto os justos como os pecadores. Aos justos tentava fortalecê-los, convidando-os a amar ao jeito do Pai do Céu: “Porque se amais apenas os que vos amam que recompensa haveis de ter? Não fazem isso, também, os cobradores de impostos? E se saudais apenas os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não fazem os pagãos a mesma coisa? Portanto, sede perfeitos como perfeito é o vosso Pai do Céu” (Mt 5, 46-48).

Tinha a plenitude do Espírito. Por isso, nunca foi cobarde, e levou a sua missão até ao fim, apesar de se aperceber do perigo em que estava a incorrer.

Jamais defendeu a morte dos pecadores, apesar de sonhar com a destruição do pecado, essa dinâmica negativa que impede a humanização das pessoas. Foi esta a razão pela qual inaugurou o Baptismo no Espírito, pois ele sabia que só o Espírito Santo é capaz de renovar o coração das pessoas. Costumava dizer que os seres humanos têm de nascer de novo pelo Espírito Santo, a fim de atingirem a densidade da vida nova (Jo 3,6).

Denunciava os que oprimiam em nome da política, do dinheiro ou da religião. Passou a vida a fazer o bem. Eis a razão pela qual nunca deixou ninguém mais pobre ou com falta de sentidos para viver.

As suas atitudes não eram neutras nem ambíguas. O seu modo de agir punha em causa as forças que oprimiam e machucavam as pessoas. Apesar de passar a vida a fazer bem a toda a gente, eram muitos os que desejavam a sua morte.

Quiseram destruir a sua tenda. Mas Deus tomou partido por ele. Exaltou-o e não esteve de acordo que a sua vida fosse roubada aos pobres e oprimidos da terra. Ressuscitado, o Profeta de Nazaré continua a sua missão: o Reinado de Deus e o Baptismo no Espírito. Também não abdicou das amizades que tinha. O Amor do Pai continua a ser a sua força e o Espírito de Deus permanece a sua suprema vitalidade.

Porque está connosco, a existência enche-se de sentido e esperança.
ALELUIA!"

NO PRIMEIRO DIA DA SEMANA
Em Comunhão Convosco,
Calmeiro Matias

Derrotar Montanhas


sábado, 30 de junho de 2018

"O 13º domingo celebra a vida mais forte que a morte"

"Deus ama a vida! Ele quer apenas a vida! “Deus criou o homem para ser incorruptível” (primeira leitura). Pelo seu Filho, salva-nos da morte: eis porque Lhe damos graças em cada Eucaristia. Na sua vida terrena, Jesus sempre defendeu a vida.

O Evangelho de hoje relata-nos dois episódios que assinalam a defesa da vida: Ele cura, Ele levanta. Ele torna livres todas as pessoas, dá-lhes toda a dignidade e capacidade para viver plenamente. Sabemos dizer-Lhe que Ele é a nossa alegria de viver?

Estamos em tempo de verão, início de férias… É uma ocasião propícia para celebrar a festa da vida!

O 13º domingo celebra a vida mais forte que a morte, celebra Deus apaixonado pela vida. Convém, pois, que na celebração deste dia a vida expluda em todas as suas formas: na beleza das flores, nos gestos e atitudes, na proclamação da Palavra, nos cânticos e aclamações, na luz. No cântico do salmo e na profissão de fé, será bom recordar que é o Deus da vida que nós confessamos, as suas maravilhas que nós proclamamos. Durante toda a missa, rezando, mantenhamos a convicção expressa pelo Livro da Sabedoria: “Deus não Se alegra com a perdição dos vivos”.

LEITURA I – Sab 1, 13-15; 2,23-24

Leitura do Livro da Sabedoria

Não foi Deus quem fez a morte,
nem Ele Se alegra com a perdição dos vivos.
Pela criação deu o ser a todas as coisas,
e o que nasce no mundo destina-se ao bem.
Em nada existe o veneno que mata,
nem o poder da morte reina sobre a terra,
porque a justiça é imortal.
Deus criou o homem para ser incorruptível
e fê-lo à imagem da sua própria natureza.
Foi pela inveja do demónio que a morte entrou no mundo,
e experimentam-na aqueles que lhe pertencem.

Breve comentário

O Livro da Sabedoria foi composto um pouco antes da vinda de Jesus. A sua doutrina é mais serena que a dos livros mais antigos, em particular quando apresenta o rosto de Deus.
Este anúncio deve ser proclamado com força, porque vem contradizer ideias ainda muito espalhadas, segundo as quais agradaria a Deus fazer morrer o homem. A morte vem de outro, pois “não foi Deus quem fez a morte”. Pelo contrário, Ele cria a vida e dá-la à humanidade, modelada à sua imagem. Ele restaura a vida, quando esta está em perigo de se apagar. Dá a vida quando está perdida, como testemunha o Evangelho deste domingo.
“Vivificaste-me”, diz o salmista. No seguimento da primeira leitura, o salmo exprime a experiência de um Deus que quer a vida dos seus fiéis. Em Jesus ressuscitado, e para todos os que n’
Ele acreditam, a oração do salmo encontra toda a sua verdade."

Avisos Paroquiais - Tempo de Férias

Horário do Cartório Paroquial
das 16.00 às 18.30 horas até ao dia 31 de julho: às terças e sextas-feiras.

No mês de agosto: SÓ às sextas-feiras mesma hora.

A partir de setembro: de terças a sextas-feiras.

A nossa Folha Paroquial  “Espírito e Vida” recomeça em 16 de setembro de 2018.

quinta-feira, 28 de junho de 2018

"Olhar a vida com olhos de Cristo"


Olhar a vida com os olhos de Cristo, aí está o que necessitamos de aprender.
Continuamos a olhar sempre com os nossos e a religião e Deus ficam como algo que nos ajuda em vez de nos convertermos e edificarmos em Deus.


Diz o catecismo:
Pela sua revelação, «Deus invisível, na riqueza do seu amor, fala aos homens como amigos e convive com eles, para os convidar e admitir à comunhão com Ele». A resposta adequada a este convite é a fé.
Pela fé, o homem submete completamente a Deus a inteligência e a vontade; com todo o seu ser, o homem dá assentimento a Deus revelador. A Sagrada Escritura chama «obediência da fé» a esta resposta do homem a Deus revelador.

Continuamos a questionar-nos sobre o que Deus nos pode dar e ajudar e esquecemos de perguntar o que Deus quer e ensina. Falta-nos aprender esta «obediência da fé».


Podes ler mais 
"No Evangelho Jesus diz-nos que o mundo e a lógica do mundo é contrária a Deus, devido ao pecado. E na sociedade actual vêmos isso, os valores e sentido da vida que é promovido é contrário ao Evangelho. Em muitos casos são propostos de forma tentadora valores opostos aos de Jesus.

Por exemplo, hoje em dia é habitual ouvirmos falar de orgulho como um bem, como uma virtude a valorizar, ouvimos falar do orgulho de ser mulher, do orgulho da nossa orientação sexual, do orgulho da nossa raça ou etnia, etc. 

Mas Jesus o que nos pede é humildade, precisamente o contrário do orgulho, além de que o orgulho é um pecado capital. Se não estivermos atentos facilmente somos levados, mesmo inconscientemente, a seguir valores contrários à vida cristã. Tão longe está a sociedade de Jesus!

Esta oposição que é natural devido ao pecado, como indica o Evangelho, agravou-se devido às filosofias e ideologias que foram sendo criadas no sentido puramente humanista, ou seja, ignorando a Igreja e Deus.

O grande problema nisto tudo não é a sociedade estar assim, disso Jesus nos avisou. Os próprios Apóstolos, os primeiros cristãos e os primeiros missionários evangelizadores tiveram que enfrentar uma sociedade assim, contrária ao Evangelho. 
O império romano e os povos bárbaros eram contrários ao Evangelho e no entanto foram evangelizados, levaram-lhes a luz: a Fé e a conversão.

O grande problema é então quando este espírito do mundo entra nas mentes e corações daqueles que deviam ser o sal e a luz do mundo: os próprios cristãos, principalmente os pastores. E é isso que vêmos acontecer. Este mal tem um nome e fomos avisados para ele: é o modernismo. É o espírito do mundo, com as suas filosofias e ideologias alternativas à Igreja e a Deus, que entra nos corações e nas mentes dos cristãos e dos nossos pastores.

Vamos ver do que se trata. (...)continua a ler aqui: Enxertados na Cruz de Cristo Modernismo

terça-feira, 26 de junho de 2018

Hoje reunião geral de catequistas - Cucujães

- Dia 26 (hoje terça-feira): Reunião Geral de Catequistas (avaliação e projeção do próximo ano), no Salão de Nossa Senhora da Conceição.

"«(...)Ser» catequista! Não trabalhar como catequista: isso não adianta! Trabalho como catequista, porque gosto de ensinar… Se porém tu não és catequista, não adianta!Não serás fecundo, não serás fecunda! 
Catequista é uma vocação. «Ser catequista»: esta é a vocação; não trabalhar como catequista. Atenção que eu não disse «fazer» o catequista, mas «sê-lo», porque compromete a vida: guia-se para o encontro com Cristo, através das palavras e da vida, através do testemunho. 

Lembrai-vos daquilo que nos disse Bento XVI: «A Igreja não cresce por proselitismo. Cresce por atracção». E aquilo que atrai é o testemunho. Ser catequista significa dar testemunho da fé; ser coerente na própria vida. E isto não é fácil. Não é fácil! Nós ajudamos, guiamos para chegarem ao encontro com Jesus através das palavras e da vida, através do testemunho.

Gosto de recordar aquilo que São Francisco de Assis dizia aos seus confrades: «Pregai sempre o Evangelho e, se for necessário, também com as palavras». As palavras têm o seu lugar… mas primeiro o testemunho: que as pessoas vejam na nossa vida o Evangelho, possam ler o Evangelho.

 E «ser» catequista requer amor: amor cada vez mais forte a Cristo, amor ao seu povo santo. E este amor não se compra nas lojas, nem se compra sequer aqui em Roma. Este amor vem de Cristo! É um presente de Cristo! É um presente de Cristo! E se vem de Cristo, parte de Cristo; e nós devemos recomeçar de Cristo, deste amor que Ele nos dá. Para um catequista, para vós e para mim, porque também eu sou catequista, que significa este recomeçar de Cristo? Que significa?
(...)
.Atenção, porém! Jesus não diz: Ide, arranjai-vos. Não, não diz isso! Jesus diz: Ide, Eu estou convosco! Nisto está o nosso encanto e a nossa força: se formos, se sairmos para levar o seu Evangelho com amor, com verdadeiro espírito apostólico, com franqueza, Ele caminha connosco, precede-nos, - digo-o em espanhol – nos «primerea». O Senhor sempre nos «primerea»! Decerto já aprendestes o significado desta palavra!. E isto é a Bíblia que o diz, não eu. A Bíblia diz, ou melhor, o Senhor diz na Bíblia: Eu sou como a flor da amendoeira. Porquê? 
Porque é a primeira flor que desabrocha na primavera. Ele é sempre o «primero»! Ele é o primeiro! Para nós, isto é fundamental: Deus sempre nos precede! 

Quando pensamos que temos de ir para longe, para uma periferia extrema, talvez nos assalte um pouco de medo; mas, na realidade, Ele já está lá: Jesus espera-nos no coração daquele irmão, na sua carne ferida, na sua vida oprimida, na sua alma sem fé. Vós sabeis uma das periferias que me faz tão mal, tão mal que me faz doer (senti-o na diocese que tinha antes)? É a das crianças que não sabem fazer o Sinal da Cruz. Em Buenos Aires, há muitas crianças que não sabem fazer o Sinal da Cruz. Esta é uma periferia! É preciso ir lá! E Jesus está lá, espera por ti para ajudares aquela criança a fazer o Sinal da Cruz. Ele sempre nos precede. (...)" 

sábado, 23 de junho de 2018

"Fazer pontes é um trabalho árduo"

Este Domingo celebra-se a "Solenidade do Nascimento de São João Baptista, o Precursor do Senhor, que já no seio materno, por virtude do Espírito Santo, exultou de alegria com a vinda da salvação humana, profetizando com o próprio nascimento o Senhor Jesus Cristo. De tal modo se manifestou nele a graça divina, que o próprio Senhor disse a seu respeito: «Entre os filhos de mulher, não apareceu ninguém maior do que João Baptista»." (Secretariado Liturgia)

“O seu nome é João”

Lc 1, 63
"Fazer pontes é um trabalho árduo. Unir margens, atravessar abismos, galgar distâncias é fruto de engenharia e sonho, de risco e trabalho. Os muros podem servir de defesa, mas são as pontes que geram crescimento e comunhão. Sabe-se que em tempo de guerra elas são alvos prioritários a destruir, para isolar e melhor vencer os adversários. Assim no espaço, como nas relações, as pontes ligam-nos uns aos outros, promovem partilha e destinos comuns, alargam horizontes, espalham a riqueza da diversidade. Um mundo, uma sociedade, uma vida, em que se criem mais muros do que pontes acaba por autodestruir-se.

João Baptista nasce de pais velhos, como dom inesperado. A escolha do seu nome lembra que ninguém é anónimo para Deus. Já o dissera o profeta Isaías: "O Senhor chamou-me desde o ventre materno, disse o meu nome desde o seio de minha mãe.” (49, 1). João significa que Deus é favorável: ao homem, ao seu povo, à humanidade. Ainda que os nossos nomes não apontem nenhuma missão, nenhuma vida é indiferente, nem insignificante. Cada pessoa pode imprimir na terra e nos corações um rasto único. O milagre da vida traz milagres quotidianos, muitos deles imperceptíveis, mas todos importantes. Viver é acolher e partilhar dons, semear para que outros colham, e lançar sobre o abismo do isolamento as pontes do encontro com todos e com Deus.

Vejo em João Baptista um construtor de pontes. Nele, o Antigo Testamento chegou ao seu termo e fez-se a passagem para o Novo. Ele é aquele que indicou, que assinalou Cristo. É a voz porque outro é a palavra; voz que passa, Palavra que fica. É o que diminui para que outro cresça. Sabe que não é a luz mas veio dar testemunho da luz; como a lua que reflecte a luz do sol e o anuncia. Não toma posse de nada e até da vida se desprende. Tal como a Igreja, que não é dona de Cristo, antes vive d'Ele e O anuncia. Modelo de fé, mesmo quando, na prisão, duvida e manda discípulos interrogar Jesus. Modelo de humildade, cuja alegria é anunciar a vinda de Jesus, apagando-se no martírio. Modelo de coerência e coragem, não temendo ser considerado louco, e não desistindo de convidar à mudança de vida.

Há um pouco de João Baptista em todos os que apontam mais longe e mais alto e se empenham em fazer pontes. Aqueles desejam e favorecem o crescimento dos outros, da verdade e da justiça. Aqueles que educam e estimulam a aprender, que inovam e criam, sem desejo de honrarias nem louvores. Aqueles que não se acomodam à mediocridade, nem ficam indiferentes à injustiça. Apontam o que está mal e não calam o que pode ser corrigido. Provocam o pensamento e o diálogo que geram transformação. Profetas da beleza e da autenticidade não se conformam com uma humanidade menor. Alguns são assim porque sim, outros também porque olham a vida com os olhos de Cristo.

Folha Paroquial XII Domingo TC 24-06-2018


quinta-feira, 21 de junho de 2018

1º ano da catequese - Termina amanhã o prazo ....



"INSCRIÇÕES PARA A CATEQUESE

2018/2019
As crianças que perfazem seis anos (6) até 31 de dezembro de 2018 devem ser inscritas na Catequese Paroquial.
As Inscrições estão abertas até 22 deste mês de junho.

Em 28 e 29 de junho haverá dois encontros com os Pais para informações e orientações.
Por favor reservem estes dois dias para esses encontros.

- Nesta 1ª fase as Inscrições são dos Pais. Basta dar pelo telefone ou presencialmente, no Cartório paroquial, o nome do Pai ou da Mãe da Criança e o seu contacto telefónico.

- Numa 2ª fase: Os Pais serão contactados para os Encontros de 28 e 29 de junho.
- Na 3ª fase: Em 29 de junho serão a distribuídas aos Pais as
fichas para entregarem no cartório até 15 de julho"

In Folha Paroquial

Alteração de Horarios das Missas - Cucujães

"Atenção à alteração dos horários das Missas
nos meses de junho, julho, agosto e setembro (até 16)


Dia 24: Nas Capelas, como de costume. Na Igreja: 8.00 
Ás 10.30 h. – Profissão de Fé. 
Não há a Eucaristia das 12.00 horas.

A partir de julho não há a Eucaristia das 10.00 horas, na Igreja. 
Nas Capelas, como de costume, podendo haver Celebrações da Palavra em vez das Eucaristias se faltarem os Sacerdotes, sobretudo em agosto e nos primeiros quinze dias de setembro (devido às férias). Mas também se aparecer algum Sacerdote em férias, nas Capelas haverá Eucaristia. A Missa das quartas-feiras na Senhora da Conceição suprime-se em agosto até 16 de setembro.
Tudo voltará ao normal em 23 de setembro." 

IN Folha Paroquial

terça-feira, 19 de junho de 2018

"O que nos indica em baixo no «Tens dez minutos?»

Para os mais distraídos quero dizer-vos que há um espaço abaixo da postagem onde pode comentar, deixar a sua opinião...

A verdade é que é raro isso acontecer, mas o Francisco comenta e isso ajuda a compreender melhor o que foi dito na postagem e faz-nos "arder o coração" quando nos explica "que somos peregrinos, dirigimo-nos para a nossa pátria que é o Céu, como no plano original de Deus, antes do pecado original.


"O que nos indica em baixo no «Tens dez minutos?» é bastante importante. (diz o Francisco:)

- Nos Evangelhos Jesus fala diversas vezes sobre a oposição que existe entre Ele e o mundo.
"Entreguei-lhes a tua palavra, e o mundo odiou-os, porque eles não são do mundo, como também Eu não sou do mundo. Não te peço que os retires do mundo, mas que os livres do Maligno. De facto, eles não são do mundo, como também Eu não sou do mundo.
Faz que eles sejam teus inteiramente, por meio da Verdade; a Verdade é a tua palavra. Assim como Tu me enviaste ao mundo, também Eu os enviei ao mundo, e por eles totalmente me entrego, para que também eles fiquem a ser teus inteiramente, por meio da Verdade." (Jo 17, 14-19)

O mundo onde nascemos não é compatível com Deus por causa do pecado e da nossa natureza, fruto do pecado original. Por isso necessitamos de salvação, sem Jesus já estavamos condenados. É o abismo que existe entre o mundo e Deus, "entre nós e vós há um grande abismo, de modo que, se alguém pretendesse passar daqui para junto de vós, não poderia fazê-lo, nem tão-pouco vir daí para junto de nós." (Lc 16, 26).

Pela salvação que Jesus alcançou esse abismo deixa de existir, e em vez de um abismo temos a possibilidade de uma forte comunhão, "Se alguém me tem amor, há-de guardar a minha palavra; e o meu Pai o amará, e Nós viremos a ele e nele faremos morada. 24Quem não me tem amor não guarda as minhas palavras; e a palavra que ouvis não é minha, mas é do Pai, que me enviou." (Jo 14, 23-24).

Mas para isto é necessário da nossa parte cooperarmos com a Graça de Deus, acreditarmos na Fé e convertermo-nos.

O mundo e a lógica do mundo onde existe o abismo continua, mesmo após o baptismo precisamos de ajuda para perseverarmos na Fé. Para isso Jesus deu-nos a Igreja e os sacramentos, principalmente a Hóstia Sagrada o como alimento da vida eterna.
Não é necessário retirarmo-nos todos para longe do mundo, temos de nele permanecer mas vivemos de maneira diferente, passamos a viver para Deus santificando o mundo.

Assim, a nossa Esperança não é de um mundo melhor ou uma vida feliz, esses são os nossos deveres de cristãos que devemos fazer e proporcionar mesmo aos pecadores e a quem não acredita, tendo sempre Deus como medida do Bem e não apenas o Homem ou o mundo. Na verdade a nossa Esperança é o Céu, a vida eterna no Reino de Deus quando o Senhor voltar, aqui na terra somos peregrinos, dirigimo-nos para a nossa pátria que é o Céu, como no plano original de Deus, antes do pecado original.

Por isso no mundo temos uma tarefa importante: escolher e preparar onde vamos passar a eternidade.
Ajudemo-nos uns aos outros para que seja no Céu, junto do Deus único e verdadeiro que nos criou por amor, para o conhecermos, amarmos e servirmos.

É isto que temos de conseguir dar às nossas crianças e jovens, a Fé e ajudá-los a converter-se. O maior amor que lhes podemos desejar é que alcancem o Céu para o qual foram criados! E o Céu não está garantido à partida, é necessário conversão, acreditar.

XIV JORNADAS CATEQUÉTICAS -2018 - Diocese Porto

O SDEC disponibiliza, para CATEQUISTAS e outros educadores,

as XIV JORNADAS CATEQUÉTICAS, no Seminário de Vilar, dia 7 de julho.

Hoje, acompanhar a iniciação à vida na fé é uma missão complexa e exigente!

Tudo mudou… o perfil e aspirações dos catequizandos e das famílias, a sociedade/cultura e o “olhar” sobre a fé, o mundo da web... por isso, o ato catequético supõe que o CATEQUISTA seja uma TESTEMUNHA (porque se deixou ENCONTRAR, tocar, amar, transformar por Jesus Cristo e pela comunidade) em PROCESSO DE CONVERSÃO/FORMAÇÃO em ordem a SABER SER com identidade cristã, a SABER RELACIONAR-SE/COMUNICAR, a adquirir SABERES e a SABER-FAZER.

Aproveite esta OPORTUNIDADE FORMATIVA que lhe oferece um espaço para adquirir saberes, fazer e partilhar experiências e descobrir ferramentas e materiais.

sábado, 16 de junho de 2018

"Uma Semente Pequenina"

"1. O Evangelho deste Domingo XI do Tempo Comum (Marcos 4,26-34) põe-nos na mão, nos olhos e no coração duas parábolas singulares: a da semente que germina e cresce sozinha (vv. 26-29), e a do grão de mostarda (vv. 30-32). As parábolas são pequenas, porque falam do que há de mais pequeno: a semente. A semente é a palavra (Marcos 4,14; Lucas 8,11). Ora, a semente – semente de planta, semente de animal, semente de homem – é a vida. Jesus ensina que é a palavra que semeia a vida, pois é o seu começo. Entenda-se por este prisma o começo da vida nova do Reino de Deus que pode sempre nascer em nós, quando temos a graça de ver chegar até nós a palavra do Evangelho, o próprio Evangelho em pessoa, Jesus Cristo, que nos faz nascer do alto e de novo (ánôthen) (João 3,3).


2. Também pequeninos são os passarinhos que vêm abrigar-se nos ramos das árvores (Marcos 4,32). As coisas pequeninas – plantas, animais, crianças – requerem uma maior atenção. Toda a atenção, portanto, à palavra de Jesus, que nos é magistralmente repartida aos bocadinhos, como migalhas de pão.

3. Bem entendido, o texto das duas pequenas, mas belas parábolas hoje expostas diante de nós, vem depois da chamada «parábola do semeador» ou «da semente», que é narrada em Marcos 4,1-9, e explicada em Marcos 4,13-20, mas que devemos ter bem presente para compreendermos melhor as duas pequenas parábolas de hoje. A parábola do «semeador» ou da «semente» segue o esquema «3 + 1» [caminho, terreno pedregoso, espinhos + terra boa], que é já, de per si, ilustrativo, pois nos obriga a esperar até ao fim para ver o correto e lento percurso desde a sementeira [novembro/dezembro] até à colheita [abril/maio]. É mesmo dito, na parábola, pedagogicamente, que a semente que germina depressa seca depressa (Marcos 4,5-6).

4. É notório que a semente é coisa bem pequenina. É o que há de mais pequeno. Mas contém inscrito no seu ADN um percurso semelhante ao de Jesus. De facto, uma vez caída à terra, dará o grão e o pão. Caída à terra, morre para nascer de outra maneira. É a Paixão. Da semente à Paixão e ao Pão: é todo o processo ou parábola de JESUS a passar diante dos nossos olhos atónitos! Portanto, se não entendemos a semente, o início do processo, pergunta Jesus, como entenderemos o inteiro processo e o seu final? (Marcos 4,13). Como entenderemos a glória sem a humildade?

5. De forma significativa, as duas parábolas de hoje, situadas ainda no cone de luz da parábola da «semente», só reclamam a ação humana em dois momentos distanciados no tempo: quando é lançada a semente à terra (Marcos 4,26) e quando chega o tempo da colheita (Marcos 4,29). Entre estes dois momentos, sucedem-se os dias e as noites, o homem dorme e acorda, e a semente lançada na terra germina, cresce e produz o seu fruto «automaticamente» (automátê), sem que o homem saiba «como» (Marcos 4,27-28). Não o sabia, e não o sabe, o homem simples, do campo, de então e de hoje, embora o saiba hoje a biogenética. Hoje, a ciência sabe o «como», mas também não sabe responder ao «porquê». Temos todos de começar mesmo pela atitude sublime da admiração!

6. E no que ao grão de mostarda diz respeito, a ação humana só é evocada quando o pequeno grão, que é a menor de todas as sementes, é semeado na terra (Marcos 4,31). Depois, só lhe é dado constatar que uma árvore cresce e deita grandes ramos, em que até os pássaros do céu se vêm abrigar (Marcos 4,32).

7. O que é que isto quer dizer? Quer dizer com certeza que o Reino de Deus tem o seu dinamismo próprio, e que é de crescimento. E mais do que querer saber qual é esse dinamismo, porventura para dele se apoderar e controlar e até empenhar-se no seu desenvolvimento, a reação do homem deve ser, antes de mais, de admiração, adoração, louvor e gratidão. Jesus, o Filho de Deus, Deus Ele mesmo, atravessa o nosso mundo na condição humilde da nossa humana natureza, utilizando a cultura hebraica em que nasceu, falando a língua então popular nessa cultura, o aramaico, servindo-se das imagens mais simples e próximas, ao alcance de todos: os campos, a semente, as árvores, as aves… Também passará pelo sofrimento e pela morte. Só depois virá a glória da ressurreição. E o Apóstolo Paulo dirá: o que aconteceu a Ele, também nos acontecerá a nós; como aconteceu a Ele, também nos acontecerá a nós! Dito por Jesus: a eles (v. 34a), aos de fora (v. 11b), tudo chega em parábolas, mas a vós (v. 11a), «aos próprios discípulos» (toîs idíois mathetaîs) (v. 34b), é dado o mistério do Reino de Deus (v. 11a), ou explicava-lhes tudo (v. 34b). De notar que a expressão «os próprios discípulos» só se encontra nesta passagem, e mostra a particularíssima relação que os une a Jesus."
(...)

IN: Mesa da Palavra

Folha Paroquial XI Domingo TC 17-06-2018