Porto: Próxima sessão do ciclo «Todos família, todos irmãos» é sobre a «Fratelli Tutti»:
LFS
A Paroquia de S João da Madeira partilha através da sua pagina do facebook está proposta de oração que tomei a liberdade de trazer para nós porque todos juntos, todos irmãos "como ramos de videira"
Tem ainda uma proposta de catequese quaresmal que apresento cópia a baixo.
40 DIAS - 40 PALAVRAS
A partir de quarta-feira de cinzas iniciamos uma rubrica: 40 dias- 40 palavras. Tentaremos tratar de modo simples as realidades ou mensagens associadas a palavras fortes na quaresma. Ainda antes de passarmos às 40 palavras, impõe-se uma palavra pórtico: quaresma.
E a todo o Povo de Deus da Diocese do Porto
Pelo segundo ano consecutivo, celebraremos o ponto mais alto do ano litúrgico de forma absolutamente estranha. E isso faz-nos sofrer. Mas pensemos nas inúmeras vezes que tal terá acontecido ao longo da história, devido às guerras, perseguições e calamidades naturais como esta da Covid-19. Sendo previsível que as coisas melhorarão ainda no decurso deste ano, temos muitas graças a dar a Deus porque, não obstante a dureza a que estamos submetidos, já antevemos o tempo novo, mais solidário e mais verdadeiramente familiar, que se seguirá à atual provação. O que nos motiva uma justificada esperança. E uma abertura à plenitude da salvação, tal como o mistério pascal: a dor experimentada pelo Senhor Jesus conduziu à glória da ressurreição e à felicidade do reino de Deus.
Mesmo nestas circunstâncias e por causa delas, não deixaremos de viver a quaresma de forma muito intensa. Aliás, a impossibilidade de fazermos as rotinas de sempre até nos pode ajudar a uma maior interiorização dos acontecimentos salvíficos que a motivam. Para isso, deixo as orientações seguintes.
No No livro do Apocalipse, há uma frase que conhecemos de cor: “Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e me abrir a porta, entrarei em sua casa e cearemos, eu com ele e ele comigo” (3, 20). Que esta quaresma de 2021 nos prepare para a «abertura da porta» a este Deus que quer fazer família connosco e a Quem nós barramos a entrada, tantas vezes, pelas distrações da vida e por algum materialismo da existência. Empenhemo-nos mesmo no caminho da conversão, dando mais espaço a Deus, à família e aos outros.
Porto, 12 de fevereiro de 2021
+ Manuel Linda
«Um só é o vosso Mestre e vós sois todos irmãos»: este versículo do Evangelho de Mateus (Mt 23, 8) inspirou a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial do Enfermo de 2021, celebrado tradicionalmente no dia 11 de fevereiro, dia de Nossa Senhora de Lourdes.
De modo especial, o Pontífice dedica a mensagem às pessoas que sofrem em todo o mundo os efeitos da pandemia do coronavírus. “A todos, especialmente aos mais pobres e marginalizados, expresso a minha proximidade espiritual, assegurando a solicitude e o afeto da Igreja.”
Quanto ao trecho do Evangelho de Mateus, o Papa explica que Jesus critica a hipocrisia de quantos dizem, mas não fazem. Esta crítica, afirma, é sempre salutar para todos, “pois ninguém está imune do mal da hipocrisia”, um mal muito grave, cuja consequência é reduzir a fé a “exercícios verbais estéreis, sem se envolver na história e nas necessidades do outro”, isto é, uma incoerência entre o credo professado e a vida real.
A experiência da doença, escreve
Francisco, nos faz sentir a nossa vulnerabilidade e, ao mesmo tempo, a necessidade natural do outro. A doença obriga a questionar-se sobre o sentido da vida; uma pergunta que, na fé, se dirige a Deus.
Como remédio à hipocrisia, Jesus propõe sentir empatia e deixar-se comover pelo sofrimento do irmão.
A doença, afirma ainda o Papa, tem sempre um rosto: o rosto de todas as pessoas doentes, que se sentem ignoradas, excluídas, vítimas de injustiças sociais que lhes negam direitos essenciais.
Para Francisco, a atual pandemia colocou em evidência tantas insuficiências dos sistemas sanitários e carências na assistência às pessoas doentes, que deveria ser uma prioridade. “Isto depende das opções políticas, do modo de administrar os recursos e do empenho de quantos revestem funções de responsabilidade.”
“Ao mesmo tempo, a pandemia destacou também a dedicação e generosidade de profissionais de saúde, voluntários, trabalhadores e trabalhadoras, sacerdotes, religiosos e religiosas: com profissionalismo, abnegação, sentido de responsabilidade e amor ao próximo, ajudaram, trataram, confortaram e serviram tantos doentes e os seus familiares.”
Com efeito, prossegue o Papa, “a proximidade é um bálsamo precioso, que dá apoio e consolação a quem sofre na doença”. Quem serve, fixa sempre o rosto do irmão, toca a sua carne, sente a sua proximidade e, em alguns casos, até “padece” com ela. “Por isso, o serviço nunca é ideológico, dado que não servimos ideias, mas pessoas”, escreve o Pontífice, citando uma sua homilia pronunciada em Havana, Cuba, em 2015.
Neste serviço para com os mais necessitados, Francisco aponta como decisivo o “aspecto relacional”, isto é, a confiança que se cria entre o doente e quem o acompanha.
“Esta relação com a pessoa doente encontra uma fonte inesgotável de motivações e energias precisamente na caridade de Cristo, como demonstra o testemunho milenar de homens e mulheres que se santificaram servindo os enfermos.”
As curas realizadas por Jesus, destaca o Pontífice, nunca são gestos mágicos, mas fruto de um encontro, uma relação interpessoal, em que ao dom de Deus, oferecido por Jesus, corresponde a fé de quem o acolhe.
Francisco então conclui recordando que uma sociedade é tanto mais humana quanto melhor souber cuidar dos seus membros frágeis e atribulados e o fizer com uma eficiência animada por amor fraterno. “Tendamos para esta meta, procurando que ninguém fique sozinho, nem se sinta excluído e abandonado.”
Por fim, o Papa confia todos os doentes e agentes da saúde a Maria, Mãe de Misericórdia e Saúde dos Enfermos. “Que Ela, da Gruta de Lurdes e dos seus inumeráveis santuários espalhados por todo o mundo, sustente a nossa fé e a nossa esperança e nos ajude a cuidar uns dos outros com amor fraterno. A todos e cada um concedo, de coração, a minha bênção.”
1. Aí está diante de nós o Evangelho do Domingo V do Tempo Comum, Marcos 1,29-39, no seguimento imediato da proclamação feita no Domingo passado (Marcos 1,21-28). De madrugada a madrugada. Depois de entrarem [Jesus e os seus discípulos; ninguém como Marcos vincula Jesus aos seus discípulos] em Cafarnaum, na manhã de sábado entra Jesus na sinagoga de Cafarnaum e ensinava (Marcos 1,21). Ei-los agora que saem [Jesus e os seus discípulos: verbo no plural] da sinagoga, e entram na casa de Simão e de André (Marcos 1,29). Trata-se de um «relato de começo». Saindo da casa antiga, entram, uns 30 metros a sul, na casa nova, de Pedro. A sogra de Simão está deitada com febre. Jesus segura-lhe (kratéô) na mão (Marcos 1,31), expressão lindíssima que indica no Antigo Testamento o gesto protetor com que Deus protege o orante (Salmo 73,23), Israel (Isaías 41,13), o seu servo (Isaías 42,6). E a sogra de Simão «levantou-se» (êgeírô), verbo da ressurreição, e pôs-se a servi-los (diêkónei: imperfeito de diakonéô) de forma continuada, como indica o uso do verbo no imperfeito. A sogra de Simão é uma das sete mulheres que, nos Evangelhos, «servem» Jesus e os outros. Ela é bem a figura da comunidade cristã nascente, que passa da escravidão à liberdade, da morte à vida, gerada, protegida, guardada e edificada por Jesus no lugar seguro da casa de Pedro.
2. À tardinha, já sol-posto, primeiro dia da semana [o dia muda com o pôr do sol], toda a cidade de Cafarnaum está reunida diante da porta daquela casa, para ouvir Jesus e ver curados por Ele os seus doentes. Note-se que os demónios continuam impedidos de falar, exatamente porque sabiam quem Ele era (Marcos 1,34). Pode parecer estranho este silenciamento de quem sabe! Mas é exatamente para ficar claro que acreditar em Jesus não é isolar uma definição exata de Jesus, mas aderir a Ele e à sua maneira de viver. E este afazer é trabalho nosso, não dos demónios.
3. Na madrugada do mesmo primeiro dia da semana, muito cedo, de madrugada a madrugada, tendo-se levantado (anístêmi), outra prolepse da madrugada da Ressurreição que já se avista no horizonte, Jesus sai sozinho para rezar (Marcos 1,35), mas os discípulos correm logo a procurá-lo para o trazer de volta a Cafarnaum, pois, dizem eles, todas as pessoas o querem ver e ter. Ninguém o quer perder (Marcos 1,36-37).4. Mas Jesus desconcerta os seus discípulos, e abre-lhes já os futuros caminhos da missão: «VAMOS, diz Jesus, a outros lugares, às aldeias vizinhas, para que TAMBÉM (kaí usado adverbialmente) ali ANUNCIE (kêrýssô) o Evangelho» (Marcos 1,38). Importante e intenso dizer. ANUNCIAR, verbo grego kêrýssô, é todo o afazer de Jesus, enche por completo o seu programa e o seu caminho. Ora, ANUNCIAR, kêrýssô, é dizer em voz alta a MENSAGEM que outro nos encarregou de transmitir. Aqui, o outro é Deus. Jesus é, então, o MENSAGEIRO de Deus. O ANUNCIADOR, o MENSAGEIRO, não fala em seu próprio nome, não emite opiniões. Fala em nome de Deus.
Encanta-te e louva o Senhor!
2. Quarenta dias depois do seu nascimento, sujeito à Lei (Gálatas 4,4), Jesus, como filho varão primogénito, é apresentado a Deus, a quem, sempre segundo a Lei de Deus, pertence. De facto, o Livro do Êxodo prescreve que todo o filho primogénito, macho, quer dos homens quer dos animais, é pertença de Deus (Êxodo 13,11-13), bem como os primeiros frutos dos campos (Deuteronómio 26,1-10).
3. É assim que, para cumprir a Lei de Deus, quarenta dias depois do seu nascimento, Jesus é levado pela primeira vez ao Templo, onde, também pela primeira vez, se deixa ver como a Luz do mundo e a nossa esperança.
4. O Evangelho a escutar, amar e admirar é Lucas 2,22-40. Compõe a cena um velhinho chamado Simeão, nome que significa «Escutador», que vive atentamente à escuta, em Hi-Fi, alta-fidelidade, alta frequência, alta definição, amor novo, e que o Evangelho apresenta como um homem justo e piedoso, que esperava a consolação de Israel. Ora, esse velhinho que vivia à espera e à escuta, com extremosa atenção e coração vigilante, veio ao Templo sob o impulso do Espírito (en tô pneúmati). Fica aqui declarada a qualidade da energia e da alegria que move o velho e querido Simeão: não é movido a carvão, nem a água, nem a vento, nem a petróleo e seus derivados, nem a eletricidade, nem sequer a energia nuclear. Simeão é movido pelo Espírito Santo. Maneira novíssima de viver, pausa e bemol na nossa impetuosidade, na nossa vontade de aparecer e de fazer, pausa e bemol nos nossos protagonismos, expansionismos e vontade de poder. Falamos quase sempre antes do tempo, e não chegamos a dar lugar à suave voz do Espírito. Na verdade, adverte-nos Jesus: «Não sois vós que falais, mas o Espírito Santo» (Marcos 13,11; cf. Mateus 10,20; Lucas 12,12). Portanto, por paradoxal que pareça, é urgente esperar! Regressemos, pois, à beleza de Simeão. Ao ver aquele Menino, recebeu-o carinhosamente nos braços. Por isso, os Padres gregos dão a Simeão o título belo de Theodóchos [= «recebedor de Deus»]. É então que Simeão entoa o canto feliz do entardecer da sua vida, um dos mais belos cantos que a Bíblia regista: «Agora, Senhor, podes deixar o teu servo partir em paz, porque os meus olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos, Luz que vem iluminar as nações e glória do teu povo, Israel!» (Lucas 2,29-32).
5. E, na circunstância, também uma velhinha chegou carregada de Graça e de Esperança. Chamava-se Ana, que significa «Graça». É dita «Profetisa», isto é, que anda, também ela, sintonizada em Hi-Fi, alta-fidelidade, com a Palavra de Deus escutada, vivida e anunciada. Diz ainda o texto que era filha de Fanuel, nome que significa «Rosto de Deus»