sábado, 6 de março de 2021

Liturgia - Dehonianos 3º Domingo da Quaresma 7-03-2021

Liturgia - Dehonianos: A liturgia do 3º Domingo da Quaresma dá-nos conta da eterna preocupação de Deus em conduzir os homens ao encontro da vida nova. 
Nesse sentido, a Palavra de Deus que nos é proposta apresenta sugestões diversas de conversão e de renovação. 

Na primeira leitura, Deus oferece-nos um conjunto de indicações ("mandamentos") que devem balizar a nossa caminhada pela vida. São indicações que dizem respeito às duas dimensões fundamentais da nossa existência: a nossa relação com Deus e a nossa relação com os irmãos. 

Na segunda leitura, o apóstolo Paulo sugere-nos uma conversão à lógica de Deus... É preciso que descubramos que a salvação, a vida plena, a felicidade sem fim não está numa lógica de poder, de autoridade, de riqueza, de importância, mas está na lógica da cruz - isto é, no amor total, no dom da vida até às últimas consequências, no serviço simples e humilde aos irmãos. 

No Evangelho, Jesus apresenta-Se como o "Novo Templo" onde Deus Se revela aos homens e lhes oferece o seu amor. Convida-nos a olhar para Jesus e a descobrir nas suas indicações, no seu anúncio, no seu "Evangelho" essa proposta de vida nova que Deus nos quer apresentar.

Iraque: Papa reza pelos mártires do último século e os que sofrem «perseguições» por causa da fé em Jesus


Iraque: Papa reza pelos mártires do último século e os que sofrem «perseguições» por causa da fé em Jesus: Bagdade, 06 mar 2021 (Ecclesia) 
(...)
– O Papa Francisco presidiu hoje à Missa na Catedral de São José, da histórica comunidade caldeia, em Bagdade, recordando os “mártires” do último século e quem sofre “perseguições” pela sua fé cristã. 

“Na cruz, [Jesus] provou ser mais forte do que o pecado; no sepulcro, derrotou a morte. Foi este mesmo amor que tornou os mártires vitoriosos na provação… E houve tantos no último século, mais do que nos anteriores”, referiu, na homilia da celebração, que decorreu com normas de distanciamento social, devido à pandemia de Covid-19.

Dezenas de pessoas acompanharam a cerimónia no exterior da catedral, ao ar livre, em lugares previamente determinados.

A primeira Missa presidida por um Papa no Iraque – e em rito caldeu, um dos mais importantes do Oriente católico – evocou todos os que “foram vítimas de preconceitos e ofensas, sofreram maus tratos e perseguições pelo nome de Jesus”. 

“Querida irmã, querido irmão, talvez olhes para as tuas mãos e te pareçam vazias, talvez sintas insinuar-se no coração a desconfiança e penses que a vida é injusta contigo. Se tal suceder, não temas! As Bem-aventuranças são para ti, para ti que estás na aflição, com fome e sede de justiça, perseguido”, referiu à assembleia.

segunda-feira, 1 de março de 2021

Myanmar: Religiosa enfrentou polícia para proteger manifestantes


Myanmar: Religiosa enfrentou polícia para proteger manifestantes: s forças de segurança de Myanmar intensificaram o uso de força para dispersar os manifestantes que protestam contra o golpe militar de 1 de fevereiro; este domingo, a polícia disparou munições reais contra os manifestantes em várias cidades, provocando pelo menos 18 mortos e dezenas de feridos.

Segundo o jornal do Vaticano, em Myitkyina, capital do estado de Kachin, os manifestantes estão nas ruas há semanas.

Este domingo, pelo menos 50 jovens foram presos na cidade, onde a polícia usou granadas de atordoamento e gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes. 

O ‘Osservatore Romano’ relata que o ajuntamento chegou ao convento católico de S. Columbano, onde residem as irmãs de S. Francisco Xavier, que administram um dispensário e uma pequena clínica. 

As religiosas abriram os portões para abrigar os manifestantes e a irmã Ann Nu Thawng foi ao encontro da polícia: “Não disparem, não matem sangue inocente. Se quiserem, atinjam-me a mim”.

“A coragem da Ir. Ann permitiu que pelo menos cem manifestantes encontrassem refúgio no convento das religiosas, enquanto 40 feridos foram conduzidos à clínica anexa, onde receberam os primeiros socorros”, acrescenta o jornal do Vaticano. 

O periódico cita Patrícia Yadanar Myat Ko, uma das jovens que se abrigou no mosteiro: “Fomos salvos pela miraculosa intervenção da irmã. É uma verdadeira heroína. Devemos-lhe a vida”.

domingo, 28 de fevereiro de 2021

02º Domingo do Tempo da Quaresma – Ano B

02º Domingo do Tempo da Quaresma – Ano B: ANO B 2º DOMINGO DO TEMPO DA QUARESMA Tema do 2º Domingo do Tempo da Quaresma No segundo Domingo da Quaresma, a Palavra de Deus define o caminho que o verdadeiro discípulo deve seguir para chegar à vida nova: é o caminho da escuta atenta de Deus e dos seus projectos, o caminho da obediência […]

Igreja: Papa destaca exemplo de São Gabriel de Nossa Senhora das Dores para os jovens

Igreja: Papa destaca exemplo de São Gabriel de Nossa Senhora das Dores para os jovens: Cidade do Vaticano, 27 fev 2021 (Ecclesia) – O Papa Francisco assinalou hoje que São Gabriel de Nossa Senhora das Dores, padroeiro da Juventude Passionista, deixou uma “marca indelével, que perdura com toda a sua eficácia”, sendo exemplo para os jovens, também para a atual pandemia Covid-19. 
 “Sobretudo neste tempo de emergência pandémica e consequente fragilidade económica e social é preciso que os discípulos do Senhor se tornem, cada vez mais, instrumentos de comunhão e fraternidade, e que transmitam aos outros a caridade de Cristo, a ser irradiada com atitudes concretas de proximidade, ternura e dedicação”, escreveu Francisco, numa carta ao bispo de Teramo-Atri (Itália), D.Leuzzi. 
Numa mensagem para o ano jubilar do centenário da canonização de São Gabriel de Nossa Senhora das Dores, o Papa explicou que “ainda hoje”, este santo convida os jovens a “reconhecer em si mesmos a aspiração de viver e se realizar”. “Que não pode prescindir da procura de Deus, do encontro com a sua Palavra, sobre a qual ancorar a sua existência, do serviço aos irmãos, sobretudo dos mais frágeis”, acrescentou na carta enviada ao bispo de Teramo-Atri (Itália), D.Leuzzi, informa o portal ‘Vatican News’. 
 Francisco explica que o padroeiro da Juventude Passionista “deixou uma marca indelével, que perdura com toda a sua eficácia”, com uma vida curta “mas intensa”. “O exemplo deste jovem religioso Passionista, forte na fé, firme na esperança e ardente na caridade, possa ser um guia precioso no caminho das pessoas consagradas e dos fiéis leigos, que tendem ao amor a Deus e ao próximo”, desenvolveu. 
 São Gabriel de Nossa Senhora das Dores faleceu com 24 anos de idade, a 27 de fevereiro de 1862, na Ilha do Gran Sasso, Itália. “Gabriel foi um jovem do seu tempo, repleto de vida e entusiasmo, animado por um desejo de plenitude, que o levou, para além das realidades mundanas e efémeras, a refugiar-se em Cristo”, destaca. 
 Na manhã deste sábado, foi aberta uma ‘Porta Santa’ no Santuário de São Gabriel, em Isola del Gran Sasso – Teramo (Itália), no jubileu dos 100 anos de canonização deste jovem santo.
 “Espero que as celebrações, programadas para este centenário, possam reavivar o carinho e a devoção para com este amado Santo, testemunha exemplar do Evangelho e intercessor junto a Deus”, acrescentou o Papa. Francisco assinala que a canonização de São Gabriel de Nossa Senhora das Dores, pelo Papa Bento XV, colocou em evidência o “testemunho cristão, extraordinário e singular” deste santo, “apresentado como modelo para toda a Igreja, especialmente para as novas gerações”. 
 Em Portugal, a Juventude Passionista está a celebrar a festa do seu padroeiro, com diversas iniciativas como quis, catequeses, celebração da Eucaristia, um sarau, este sábado e domingo, dias 27 e 28. 

 O sítio online ‘Vatican News’ recorda que a Penitenciaria Apostólica (Santa Sé) concedeu uma indulgência plenária para quem celebra o Jubileu de São Gabriel, até 27 de fevereiro de 2022.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

LUSOFONIAS – Na mesma Arca, na mesma Barca!

LUSOFONIAS – Na mesma Arca, na mesma Barca!: A Fé leva-nos a acolher a verdade para sermos
testemunhas de Cristo vivo e solidário com os mais frágeis. Quem jejua e partilha com os mais pobres está a acumular a riqueza do Amor de Deus. A Quaresma é tempo de largarmos as amarras que nos prendem aos bens que consumimos em exagero e às informações que nos saturam e estragam, muitas vezes, as nossas relações.

A Esperança abre-nos a um futuro de misericórdia, aberto por Cristo. Deus tem a última palavra na história dos humanos. Como Pai, Deus cuida com paciência da sua Criação e faz um apelo à nossa paciência nas relações com Ele, com os irmãos e com a natureza criada, a quem maltratamos tantas vezes.

O Papa pede que, nesta Quaresma apostemos mais no perdão e na fraternidade, dizendo ‘palavras de incentivo que reconfortam, consolam, fortalecem, estimulam, em vez de palavras que humilham, angustiam, irritam e desprezam’ (FT 223).

Há que rezar mais e melhor, apostando no recolhimento que nos permite invocar de Deus inspiração e luz interior.

Finalmente, a Caridade é apresentada como a mais alta expressão da Fé e da Esperança. 
 A Caridade é o impulso do coração que nos faz sair de nós e aprofundar a partilha e a comunhão. Por vezes, não temos muito para partilhar, mas o nosso ‘pouco’, se for partilhado com amor, nunca acaba, mas até se transforma em reserva de vida e felicidade.

E, claro, esta Quaresma será marcada pela pandemia e suas vítimas, num número cada vez mais expressivo. Por isso, o Papa alerta: ‘viver uma Quaresma de Caridade significa cuidar de quem se encontra em condições de sofrimento, abandono ou angústia por causa da covid 19’. Conclui que ‘cada etapa da vida é um tempo para crer, esperar e amar’. 

A Salvação está sempre ao nosso alcance: ontem na mesma Arca, hoje na mesma Barca!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Porto: Próxima sessão do ciclo «Todos família, todos irmãos» é sobre a «Fratelli Tutti»


Porto: Próxima sessão do ciclo «Todos família, todos irmãos» é sobre a «Fratelli Tutti»:

 Porto, 22 Fev 2021 (Ecclesia) – A próxima sessão do ciclo «Todos família, todos irmãos», promovido pelo Centro de Cultura Católica do Porto, realiza-se a 02 de março, às 21h00, e tem como tema «Todos irmãos mesmo? Uma leitura da Fratelli Tutti». 

A sessão tem como orador o padre Tony Neves, missionário espiritano, que conjuga a sua reflexão sobre a encíclica do papa Francisco com a pluralidade de experiências decorrentes do seu percurso missionário, realça uma nota enviada à Agência ECCLESIA.

O ciclo foi programado em torno das temáticas do Plano Pastoral 2020/2021 da Diocese do Porto. 

Atendendo à evolução do atual pandemia e tal como já aconteceu com as sessões anteriores, a sessão realizar-se-á por via digital.

O ciclo continua em maio (dia 11) e junho (dia 08) e vai abordar as temáticas previstas: «Viventes na casa comum» (padre Jorge Teixeira da Cunha) e «Os jovens, sujeitos da ação pastoral da Igreja» (padre Jorge Nunes). 

 LFS

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Santuário de Fátima|Dia dos Pastorinhos celebrado apenas em ambiente digital

Santuário de Fátima|Dia dos Pastorinhos celebrado apenas em ambiente digital: Sem peregrinos presentes
fisicamente, Santuário inicia esta quinta-feira a Novena dos Pastorinhos 

 No dia 20, o dia da festa litúrgica dos Santos Francisco e Jacinta e o aniversário da morte de Santa Jacinta, os canais digitais do Santuário- Youtube e Facebook- transmitirão o Terço às 10h00, a Missa às 11h00, presidida pelo cardeal D. António Marto 

e um documentário sobre Francisco e Jacinta Marto, às 14h00. Santos Vizinhos- duas crianças que se fizeram candeias da humanidade a partir de Fátima é uma produção do Santuário de Fátima que conta a história de vida dos dois primeiros santos de Fátima, a partir do olhar de historiadores, teólogos e religiosas, e integra testemunhos da ex-postuladora da Causa de Canonização, Irmã Ângela Coelho; da religiosa carmelita que pediu a intercessão dos santos na cura do pequeno Lucas e do próprio miraculado e da sua família.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Igreja/Carnaval: Uma história de encontros e desencontros, da máscara às cinzas

Igreja/Carnaval: Uma história de encontros e desencontros, da máscara às cinzas

Lisboa,16 fev 2021 (Ecclesia) – O dia de carnaval, que se celebra esta terça-feira, está ligado ao início do tempo da Quaresma, com as Cinzas, em datas determinadas pela Páscoa.

 A maior festa cristã, que evoca a Ressurreição de Jesus, é celebrada no domingo após a primeira lua cheia que se segue ao equinócio da primavera, no hemisfério norte. 

Perante práticas pré-cristãs, a Igreja Católica viria a promover alterações que permitissem ligar o período carnavalesco com a Quaresma. 
Uma prática penitencial preparatória da Páscoa, com jejum, começou a definir-se a partir de meados do século II; por volta do século IV, o período quaresmal caracterizava-se como tempo de penitência e renovação interior para toda a Igreja, por meio do jejum e da abstinência.
 
Tertuliano, São Cipriano, São Clemente de Alexandria e o Papa Inocêncio II contestaram fortemente o carnaval, mas no ano 590 a Igreja Católica aprova que se realizem festejos que consistiam em desfiles e espetáculos de caráter cómico.

No séc. XV, o Papa Paulo II contribuiu para a evolução do carnaval, imprimindo uma mudança estética ao introduzir o baile de máscaras, quando permitiu que, em frente ao seu palácio, se realizasse o carnaval romano, com corridas de cavalos, carros alegóricos, corridas de corcundas, lançamento de ovos, água e farinha e outras manifestações populares.
Sobre a origem da palavra carnaval não há unanimidade entre os estudiosos, mas as hipóteses “carne vale” (adeus carne) ou de “carne levamen” (supressão da carne) remetem para o início do período da Quaresma.
 A própria designação de entrudo, ainda muito utilizada, vem do latim ‘introitus’ e apresenta o significado de dar entrada, começo, em relação a um novo tempo litúrgico. 

A pandemia limita, este ano, várias das comemorações habituais desta época e tem impacto também na Liturgia. 

Os católicos de todo o mundo começam na quarta-feira a viver o tempo da Quaresma, com a celebração das Cinzas, que são impostas sobre a sua cabeça durante a Missa. 
 A Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos (Santa Sé) disposições a serem seguidas pelos celebrantes no rito de imposição das Cinzas, para evitar a propagação da Covid-19. 

 Após abençoar as cinzas e aspergi-las com água benta, o presidente da celebração dirige-se à assembleia, recitando uma das fórmulas do Missa Romano – “Arrependei-vos e acreditai no Evangelho”, “Lembra-te, homem, que és pó da terra e à terra hás de voltar”. 
Esta fórmula não se repete a cada imposição das cinzas nos participantes que se aproximarem do sacerdote, ao contrário do que é habitual. 

A Quarta-feira de Cinzas é, juntamente com a Sexta-feira Santa, um dos únicos dias de jejum e abstinência obrigatórios. 
O jejum é a forma de penitência que consiste na privação de alimentos; a abstinência, por sua vez, consiste na escolha de uma alimentação simples e pobre.
A sua concretização na disciplina tradicional da Igreja era a abstenção de carne, particularmente nas sextas-feiras da Quaresma, mas pode ser substituída pela privação de outros alimentos e bebidas, com um caráter penitencial.

Nos primeiros séculos, apenas cumpriam o rito da imposição da cinza os grupos de penitentes ou pecadores que queriam receber a reconciliação no final da Quaresma, na Quinta-feira Santa. 

A partir do século XI, o Papa Urbano II estendeu este rito a todos os cristãos no princípio da Quaresma. 
A Quaresma é um período de 40 dias (não se contabilizam os domingos), marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, que serve de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão. 
 
Na Liturgia, este tempo é marcado por paramentos e vestes roxas, pela omissão do ‘Glória’ e do ‘Aleluia’ na celebração da Missa. 
 OC

Viver a Quaresma "todos juntos na Arca D'aliança"

 A Paroquia de S João da Madeira partilha através da sua pagina do facebook  está proposta de oração que tomei a liberdade de trazer para nós porque todos juntos, todos irmãos "como ramos de videira"

Tem ainda uma proposta de catequese quaresmal que apresento cópia a baixo.

40 DIAS - 40 PALAVRAS

A partir de quarta-feira de cinzas iniciamos uma rubrica: 40 dias- 40 palavras. Tentaremos tratar de modo simples as realidades ou mensagens associadas a palavras fortes na quaresma. Ainda antes de passarmos às 40 palavras, impõe-se uma palavra pórtico: quaresma.
Esperamos que seja uma ajuda para toda a comunidade paroquial.

CATEQUESES QUARESMAIS
Em tempos de pandemia, a Paróquia de S. João da Madeira quer preparar a Páscoa, propondo aos paroquianos as catequeses quaresmais, a realizar todas as sextas da quaresma, às 21.30h, a começar já no dia 19 de fevereiro. Cada catequese apresentará uma reflexão catequética e terminará com uma breve oração.
Em sua casa, basta sintonizar o canal youtube da paróquia (https://www.youtube.com/channel/UCzKVmAY-YDa2wvDOhqzgAmA) ou pelo facebook.
Para os grupos e movimentos paroquiais e para todos os paroquianos!

Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma 2021

Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma 2021:
 «Vamos subir a Jerusalém…» (Mt 20, 18). Quaresma: tempo para renovar a fé, a esperança e a caridade.


 Queridos irmãos e irmãs! 
 Jesus, ao anunciar aos discípulos a sua paixão, morte e ressurreição como cumprimento da vontade do Pai, desvenda-lhes o sentido profundo da sua missão e convida-os a associarem-se à mesma pela salvação do mundo. 
 Ao percorrer o caminho quaresmal que nos conduz às celebrações pascais, recordamos Aquele que «Se rebaixou a Si mesmo, tornando-Se obediente até à morte e morte de cruz» (Flp 2, 8). Neste tempo de conversão, renovamos a nossa fé, obtemos a «água viva» da esperança e recebemos com o coração aberto o amor de Deus que nos transforma em irmãos e irmãs em Cristo. Na noite de Páscoa, renovaremos as promessas do nosso Batismo, para renascer como mulheres e homens novos por obra e graça do Espírito Santo. Entretanto o itinerário da Quaresma, como aliás todo o caminho cristão, já está inteiramente sob a luz da Ressurreição que anima os sentimentos, atitudes e opções de quem deseja seguir a Cristo. 

 O jejum, a oração e a esmola – tal como são apresentados por Jesus na sua pregação (cf. Mt 6, 1-18) – são as condições para a nossa conversão e sua expressão. O caminho da pobreza e da privação (o jejum), a atenção e os gestos de amor pelo homem ferido (a esmola) e o diálogo filial com o Pai (a oração) permitem-nos encarnar uma fé sincera, uma esperança viva e uma caridade operosa.  

1. A fé chama-nos a acolher a Verdade e a tornar-nos suas testemunhas diante de Deus e de todos os nossos irmãos e irmãs Neste tempo de Quaresma, acolher e viver a Verdade manifestada em Cristo significa, antes de mais, deixar-nos alcançar pela Palavra de Deus, que nos é transmitida de geração em geração pela Igreja. Esta Verdade não é uma construção do intelecto, reservada a poucas mentes seletas, superiores ou ilustres, mas é uma mensagem que recebemos e podemos compreender graças à inteligência do coração, aberto à grandeza de Deus, que nos ama ainda antes de nós próprios tomarmos consciência disso. Esta Verdade é o próprio Cristo, que, assumindo completamente a nossa humanidade, Se fez Caminho – exigente, mas aberto a todos – que conduz à plenitude da Vida. 

 O jejum, vivido como experiência de privação, leva as pessoas que o praticam com simplicidade de coração a redescobrir o dom de Deus e a compreender a nossa realidade de criaturas que, feitas à sua imagem e semelhança, n’Ele encontram plena realização. Ao fazer experiência duma pobreza assumida, quem jejua faz-se pobre com os pobres e «acumula» a riqueza do amor recebido e partilhado. O jejum, assim entendido e praticado, ajuda a amar a Deus e ao próximo, pois, como ensina São Tomás de Aquino, o amor é um movimento que centra a minha atenção no outro, considerando-o como um só comigo mesmo [cf. Enc. Fratelli tutti (= FT), 93]. 

 A Quaresma é um tempo para acreditar, ou seja, para receber a Deus na nossa vida permitindo-Lhe «fazer morada» em nós (cf. Jo 14, 23). Jejuar significa libertar a nossa existência de tudo o que a atravanca, inclusive da saturação de informações – verdadeiras ou falsas – e produtos de consumo, a fim de abrirmos as portas do nosso coração Àquele que vem a nós pobre de tudo, mas «cheio de graça e de verdade» (Jo 1, 14): o Filho de Deus Salvador. 2. A esperança como «água viva», que nos permite continuar o nosso caminho

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

"Celebrara a Quaresma entre a dor e a esperança" - Mensagem da Quaresma 2021- D Manuel Linda -Bispo do Porto

 


Aos Sacerdotes e Diáconos

E a todo o Povo de Deus da Diocese do Porto

Pelo segundo ano consecutivo, celebraremos o ponto mais alto do ano litúrgico de forma absolutamente estranha. E isso faz-nos sofrer. Mas pensemos nas inúmeras vezes que tal terá acontecido ao longo da história, devido às guerras, perseguições e calamidades naturais como esta da Covid-19. Sendo previsível que as coisas melhorarão ainda no decurso deste ano, temos muitas graças a dar a Deus porque, não obstante a dureza a que estamos submetidos, já antevemos o tempo novo, mais solidário e mais verdadeiramente familiar, que se seguirá à atual provação. O que nos motiva uma justificada esperança. E uma abertura à plenitude da salvação, tal como o mistério pascal: a dor experimentada pelo Senhor Jesus conduziu à glória da ressurreição e à felicidade do reino de Deus.

Mesmo nestas circunstâncias e por causa delas, não deixaremos de viver a quaresma de forma muito intensa. Aliás, a impossibilidade de fazermos as rotinas de sempre até nos pode ajudar a uma maior interiorização dos acontecimentos salvíficos que a motivam. Para isso, deixo as orientações seguintes.

  1. A nossa Equipa de Coordenação Pastoral já disponibilizou belas ideias e materiais para ajudar a viver a quaresma em contexto de família, verdadeira e insubstituível “Igreja doméstica”. Peço encarecidamente se preste muita atenção a essas sugestões. Reze-se em conjunto e contacte-se mais com a Palavra de Deus, se possível no “cantinho de oração”, espaço da identidade crente da família, visualmente expressa numa cruz e nunca “arca da aliança”.
  2. Inerente à quaresma, esteve sempre “um plano de privação (de jejum e abstinência)”, como refere a mesma Equipa. Isso possui um duplo significado: é uma forma de interiorizarmos e agradecermos a Jesus, que tanto sofreu por nós, e nos dispormos à conversão; e um meio de sairmos do nosso habitual comodismo para fazermos nossas as dores e as carências dos outros, pois, numa mentalidade cristã, um dom recebido deveria ser sempre um dom partilhado.
  3. Designamos essa partilha fraterna como “renúncia quaresmal”. É algo intimamente associado a este tempo. Escutados os habituais órgãos de consulta, decidi que, o produto deste ano seja distribuído pelos seguintes destinos: Cáritas Diocesana do Porto e Fundo Social. A Cáritas, habitualmente designada como “mão caridosa do bispo”, está presente em toda a Diocese quer incentivando a prática do amor fraterno, quer minimizado os sofrimentos pela dádiva de géneros alimentícios e de roupas, materiais ortopédicos e para doentes acamados, apoio médico e de enfermagem, etc. Faz uma obra tão notável como escondida. O Fundo Social destina-se a socorrer situações de emergência que, infelizmente, sempre surgem em Portugal e no estrangeiro. Que nenhuma Paróquia e nenhum cristão deixe de partilhar o pouco ou o muito que Deus lhe vai dando.
  4. Sendo os bispos os primeiros responsáveis pela fé, este ano, eu mesmo e os senhores bispos auxiliares, vamos orientar pequenas reflexões ao longo de toda a quaresma. Será às sextas-feiras, dia que especialmente nos lembra a morte do Senhor, às 21h30. Tentaremos usar uma linguagem muito simples, a jeito de uma conversa de família e não no sentido das tradicionais “conferências”. Serão transmitidas pelo canal da Diocese e, possivelmente, também pelas redes sociais das Paróquias. Convido todos os cristãos diocesanos a unirmo-nos nesta formação da fé.
  5. A Igreja que formamos é essencialmente de base doméstica. Muito antes de passarmos à paróquia a «responsabilidade» de transmitir, formar e celebrar a fé e de incentivar um estilo de vida com ela consequente, o Novo Testamento está cheio de referências à forma como as famílias assumiam essas mesmas tarefas na sua própria casa. Temos de voltar a isso! Não por saudosismo, mas porque a interligação casa-paróquia está mesmo na base histórica do ser cristão. Por isso, não mais paróquia sem relação familiar nem família crente sem compromisso na paróquia. Na Páscoa do ano passado apresentei algumas características desta Igreja de base doméstica que gostava de recordar novamente: uma Igreja «familiar», reunida, unida, santificada, caritativa e de esperança. Esforcemo-nos por viver estas dimensões.

No No livro do Apocalipse, há uma frase que conhecemos de cor: “Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e me abrir a porta, entrarei em sua casa e cearemos, eu com ele e ele comigo” (3, 20). Que esta quaresma de 2021 nos prepare para a «abertura da porta» a este Deus que quer fazer família connosco e a Quem nós barramos a entrada, tantas vezes, pelas distrações da vida e por algum materialismo da existência. Empenhemo-nos mesmo no caminho da conversão, dando mais espaço a Deus, à família e aos outros.

Porto, 12 de fevereiro de 2021

O vosso Bispo e irmão,

+ Manuel Linda

domingo, 14 de fevereiro de 2021

"IMITADORES DE CRSTO" - VI Domingo TC 14-02-2021


1. O Evangelho de Marcos 1,40-45, que neste Domingo VI do Tempo Comum temos a graça de ver e de escutar, continua a mostrar que Jesus, que é «o Reino de Deus em pessoa» (autobasileía, como bem refere Orígenes [185-254], insigne mestre das escolas de Alexandria e de Cesareia Marítima), Aquele que se fez nosso próximo para sempre (Marcos 1,15), continua a passar pelos nossos caminhos, a cruzar-se com as nossas dores e a assumi-las sobre si, curando a nossa pele chagada e o nosso esclerosado coração. Sim, o Evangelho de hoje não é apenas para ouvir. É também para ver atenta e demoradamente, pois oferece aos nossos olhos, sobretudo ao olhar do coração, o cenário extraordinário de um leproso ajoelhado aos pés de Jesus, que provoca a comoção visceral de Jesus, entenda-se o amor maternal de Jesus, levando-o a estender a sua mão soberana sobre o leproso, como fez Deus em ação de condescendência e de libertação no Livro do Êxodo, e a tocar no leproso sem receio de qualquer contágio. 

 2. A cena evangélica é comovente e surpreendente, desarmante, como é sempre, para a pobre e aplanada esquadria do nosso olhar, para os nossos trejeitos e preconceitos, a notícia ousada, boa e feliz que se chama Evangelho. Contra todas as regras estabelecidas, que impunham aos leprosos o isolamento e a distância de Deus (não podiam frequentar o Templo ou a sinagoga) e dos homens (não podiam entrar nas povoações), a que se associava o facto de terem de andar com o rosto escondido por qualquer trapo de miséria, e ainda o grito de «impuro, impuro», que deviam trazer sempre nos lábios (Levítico 13,45), para que as pessoas ditas boas e saudáveis, ao ver um homem sem rosto e ao ouvir o seu grito, dele se pudessem distanciar o mais possível, pondo-se a seguro do impuro. Deixando tudo isto na penumbra, eis hoje um leproso que ousa aproximar-se de Jesus e colocar-se de joelhos diante dele, implorando dele a cura (Marcos 1,40). É, nos Evangelhos, o único doente que se coloca de joelhos diante de Jesus, implorando a sua cura. O gesto é o seu verdadeiro pedido, que as palavras que diz apenas iluminam. Ele sabe que a sua cura só pode ser um dom de Deus. 

3. Um leproso, diziam os rabinos, era como um morto em vida. Separado de Deus e da comunidade do louvor de Deus, isto é, da comunhão de vida com Deus, o leproso em tudo se assemelhava aos mortos, que também estavam separados de Deus e fora do louvor de Deus, que é a verdadeira nascente da vida (Salmo 6,6; 88,6; Isaías 38,18). Neste sentido, o Livro de Job define a lepra como o «primogénito entre os mortos» (Job 18,13). Tanto assim era que uma eventual cura da lepra suscitava então o mesmo efeito, o mesmo espanto, de uma ressuscitação da morte!