quinta-feira, 8 de novembro de 2018

"Sentido dos Ofertórios na Eucaristia"

Sentido dos Ofertórios na Eucaristia
Na Folha Paroquial desta semana publica este pequeno artigo que muitos de nós não lemos, mas O Francisco leu e fez um comentário que publico no final do artigo


"A parte Eucarística da Santa Missa começa com o Ofertório do Pão e do Pinho no altar e com a recolha das ofertas dos fiéis.
Muitos não sabem o significado deste ofertório e julgam tratar-se de um rito sem importância espiritual e sem união a Cristo que se oferece por todos quando celebramos a Eucaristia.
O sentido do ofertório dos fiéis é o de se unirem, com amor e generosidade, à oferta da vida de Jesus por nós. É, pois, um ato que expressa a gratidão da assembleia eucarística a Jesus que dá a vida por nós no altar. E dá-se o que sobra e o que menos vale?

Tem-se verificado tanto nas Capelas como na Igreja, um impressionante decréscimo de ofertas, não chegando, por vezes, para pagar, nessa semana, a luz e a água. Alguns pensam que as intenções das Missas dão para tudo isso, mas esquecem-se de uma coisa importante: o estipêndio/esmola da Missa não pode ser destinado às despesas correntes da paróquia, da capela ou da igreja. Há um destino próprio: 20% para o culto (e aqui já vai para a capela ou para a igreja), 25% para a caridade e 55% para a Diocese e Igreja Missionária que destina o quantitativo para mandar celebrar missas pelas intenções de quem enviou o dinheiro, para a formação de sacerdotes/seminários e para a partilha com os países de missão (onde estão os missionários católicos). Também mesmo que não houvesse intenção nenhuma, a Eucaristia, especialmente dominical, seria celebrada à mesma. Antigamente até só havia uma (1) intenção e as capelas e a igreja conseguiam aguentar bem as despesas.
Agora há menos generosidade ou falta de conhecimento? Os dinheiros dos ofertórios normais são destinados ao culto na capela e na igreja: velas, luz, água, hóstias, toalhas, paramentos, limpeza, manutenção, etc, etc…
Se um povo não consegue manter o seu lugar de oração como pode ele estar aberto e funcionar?
Fica o apelo a mais consciência e a maior generosidade"

"Em baixo na folha paroquial falam de um aspecto importante sobre o ofertório da missa e sobre o facto de as pessoas o desvalorizarem. Saliento um ponto que nos deve fazer reflectir: nos dois Domingos passados (e nos dois próximos também) a 2º leitura falou do sacerdócio eterno de Cristo o qual se aplica no sacrifício da missa. O ofertório da missa encaminha-nos para o sacrifício da missa. Por aqui infelizmente nas duas homilias não tivemos nenhuma referência à 2º leitura nem ao sacrifício da missa, se na homilia não é feita referência ao ofertório nem ao sacrifício da missa quando a Palavra de Deus nos chama a isso é natural as pessoas também acabarem por desvalorizar o ofertório"

3 comentários:

francisco disse...

É importante compreendermos que a missa é sobre Deus e o que Deus fez por nós.

Na missa católica torna-se presente no Altar o Sacrifício da Cruz perpétuamente até à vinda do Senhor no fim-dos-tempos.
Este sentido de sacrifício não é no sentido pagão para os Homens aplacarem a ira de Deus.
É tornar presente o Sacrifício da Cruz em louvor, acção de graças, propiciação pelos nossos pecados e impetração pelas nossas intenções. É o culto prestado a Deus, adoração em espírito e Verdade, já não às escuras como os pagãos (sacrifícios para aplacar a ira de Deus) e já não como na antiga lei (sacrifícios dos Homens) mas segundo a nova aliança: a oferta a Deus é a oferta perfeita realizada pelo Senhor por nós.

O Sacrifício da Cruz foi realizado uma vez e para sempre, nesse Sacrifício o Senhor alcançou a nossa redenção.
No Sacrifício da missa torna-se presente o Sacrifício da Cruz no Altar de forma incruenta, o Senhor não volta a morrer e a derramar o Seu Sangue mas torna-se realmente presente ali no Altar, estamos no Calvário. Este Sacrifício da missa proporciona-nos as graças da redenção.

O Sacrifício da Cruz abriu-nos os tesouros dos méritos de Cristo, o Sacrifício da missa dá-nos esses tesouros.

Um artigo que vale a pena ler para se compreender e valorizar a missa:
https://www.veritatis.com.br/o-sacrificio-da-missa/
"Cumpre, em primeiro plano, dizer o que a Santa Missa não é. Ela não é uma simples reunião de oração, onde os fiéis leigos se reúnem sob a presidência do padre. Tampouco, ela é apenas um culto, à moda protestante, onde cantamos, louvamos, pedimos perdão, ouvimos a Palavra de Deus e sua pregação. A Missa não se trata de um programa psicológico, onde procuramos atrair as pessoas para que se sintam bem e busquem forças para a semana que se inicia, nem ao menos é uma estratégia evangelística ou de pregação, para buscar as “ovelhas perdidas.” Não é somente um ato público, oficial, em que o povo católico congregado, reza junto com um diretor, o padre. Outrossim, cabe salientar que a Missa não é uma celebração nostálgica, ou uma encenação histórica, ainda que piedosa, do que Jesus fez na última ceia. Tudo isso, é verdade, pode ser santo, ungido, e nos levar a Deus, mas caberia muito mais à definição de um culto de uma igreja evangélica."

"Porém, a Missa é mais do que isso. Ela é o único e suficiente sacrifício de Nosso Senhor Jesus Cristo, oferecido na Cruz, não recordado de forma encenada, mas tornado realmente presente em nossas igrejas. Para isso, temos um sacerdote e um altar. Sacerdote é aquele que, em qualquer religião, preside um sacrifício real e verdadeiro. Altar é o lugar onde esse sacrifício é oferecido (por isso, os protestantes, que não crêem na atualidade do sacrifício, não chamam a seus pastores de sacerdotes, nem têm altares em suas igrejas)."
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"Dissemos que Nosso Senhor Jesus Cristo ofereceu um único e suficiente sacrifício, pelo qual fomos libertos do domínio da morte, remidos de nossos pecados e transladados para uma nova economia, onde Deus e o homem celebram uma Aliança. A Cruz é o sinal dessa Aliança. Nela, verdadeiro altar, Cristo, vítima e sacerdote, ofereceu-se, uma única vez, para recuperar para a nós a amizade divina."

francisco disse...

"Esse, inclusive, é o argumento dos protestantes, ao negarem o caráter sacrificial da Santa Missa. Não entendem eles o que estamos a explicitar nesse breve tratado. Dizem que, se Jesus ofereceu um único sacrifício, não é preciso que se ofereça novamente em cada Missa. Ora, com isso concordamos plenamente!

A Missa é sacrifício. Entretanto, não é um novo sacrifício. O que Jesus ofereceu, pregado no Calvário, foi suficiente para nos merecer, de Deus, a graça que nos é imputada pelo Espírito Santo através da fé; e, porque suficiente, único.

Por causa disso, em cada Santa Missa que é celebrada, não estamos oferecendo Cristo de novo. Tampouco, segundo a ótica e a teologia protestantes, estamos diante apenas de uma Ceia do Senhor (esse é apenas um dos aspectos da Missa). A Missa é o mesmo, único, eterno e suficiente sacrifício de Nosso Senhor Jesus Cristo, oferecido por Ele mesmo na Cruz, que tornou o altar, onde, ao mesmo tempo vítima e sacerdote, morreu por nossos pecados, dando-nos a libertação.

A ordem de Cristo aos apóstolos na última ceia, vimos, foi de que eles fizessem isso , a Missa , em sua memória. O termo utilizado pelos evangelistas, e que traduzimos por “memória” é anamnese. Tal palavra não é uma simples memória (mnemone), mas um “recordar, tornar presente”. Na Missa, fazemos memória do sacrifício de Cristo, tornando-o presente. Se a última ceia, foi uma antecipação do sacrifício, a Missa é a sua perpetuação.

“O sacrifício da Missa é o verdadeiro e o próprio sacrifício da Nova Lei, no qual Cristo é oferecido sob as espécies de pão e vinho pelo sacerdote sobre o altar, em memória e renovação do sacrifício do Calvário.” (DEL GRECO, Pe. Teodoro da Torre. “Teologia Moral”, Edições Paulinas, São Paulo, 1959; p. 536)

Não só uma ceia, mas um autêntico sacrifício. “A Missa é ao mesmo tempo e inseparavelmente o memorial sacrificial no qual se perpetua o sacrifício da Cruz, e o banquete sagrado da comunhão ao Corpo e ao Sangue do Senhor.” (Cat. 1382)"

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"Quantas vezes, não nos perguntamos o que faríamos se pudéssemos estar aos pés de Cristo na Cruz? Questionamos, tantas e tantas vezes, qual seria a nossa atitude, ao ver Deus morrer por nossas transgressões, e ser pisado e machucado, tal qual o cântico do Servo Sofredor (cf. Is 53). Ora, é exatamente isso, a Cruz, que acontece diante de nós, em cada Missa celebrada!! Não se trata de um símbolo, de um sinal, de uma representação do sacrifício, por mais que tudo isso seja piedoso e santo. Não! É o próprio sacrifício, tornado novamente presente. Se aquele foi oferecido de maneira cruenta, com derramamento de Sangue, sua renovação é feita de forma incruenta, eis que o Sangue nos é dado para que comunguemos dele e participemos, de forma efetiva das realidades celestes.

O altar da Missa é aquele onde o sacrifício é celebrado, e foi consagrado na igreja. Embora tenha a forma de mesa em lembrança à condição de Ceia do Senhor que é a Missa, trata-se de um verdadeiro altar, isto é, de um local onde é oferecido um sacrifício. O que foi a Cruz no Calvário, é o altar na Santa Missa."


Alguns outros links:
https://cleofas.com.br/a-missa-como-sacrificio/
https://pt.aleteia.org/2017/08/16/o-sacrificio-da-missa-e-o-mesmo-sacrificio-de-cristo-na-cruz/
http://www.montfort.org.br/bra/documentos/catecismo/a_santa_missa/

francisco disse...

Ao nosso próximo certamente não íamos simplesmente querer fazer uma festa e um convívio para nos sentirmos bem, realizados e unidos em comunidade. Ao nosso próximo procuramos dar-lhe o melhor que podemos e colocamos a atenção nele para a partir dele sabermos o que de melhor podemos fazer.

Na missa vamos à casa de Deus, vamos colocar a nossa atenção em Deus e procurar dar-lhe o melhor que temos e podemos. E o melhor e a maior dádiva é o Sacrifício que Jesus realizou por nós. O melhor que podemos dar a Deus é a nossa participação e união nesse amor perfeito que se torna presente no Altar.
A partir daí formamos e moldamos a nossa vida para que ela seja um culto agradável a Deus, em espírito e Verdade, pela medida do maior acto de amor.

O que oferecemos no Altar vamos aprendendo a colocar em prática na nossa vida, amando a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.