sábado, 3 de novembro de 2018

"Um amor entrelaçado"- Mesa de Palavra

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4. Para Jesus, o primeiro mandamento são dois amores entrelaçados: amar Deus e amar o próximo. O génio cristão consiste na capacidade de manter unidos e bem articulados e equilibrados estes dois amores, pois há quem, para amar a Deus se afaste dos homens, e quem, para lutar ao lado dos homens, se esqueça de Deus. Ora bem, o realismo bíblico ensina-nos que onde e quando estes dois amores se separam, ficamos no terreno da mentira, da falsidade e da idolatria. Na verdade, quando tu dizes que amas a Deus, mas não te importas do próximo, não reages perante as injustiças e não lutas contra a opressão, a que Deus te referes? Não seguramente ao Deus de Jesus Cristo, mas a um deus por ti próprio construído. Do mesmo modo, quando dizes que amas o próximo e o serves, mas recusas entregar-te totalmente a Deus, cairás facilmente nas mãos dos ídolos (a tua ideologia, o teu modelo de libertação, a tua política), e pensando que amas o próximo, nem te apercebes que o estás a instrumentalizar: queres libertá-lo, impondo-lhe as tuas ideias, a tua visão do mundo, a tua justiça. Já para não dizer, e isto é até o mais grave, que enquanto queres ajudar o homem a ser mais homem, o estás a afastar da sua necessidade mais profunda, da sua busca essencial, que é o próprio Deus.

5. Dois amores entrelaçados e inseparáveis. Cada um leva à verificação do outro. Mas não iguais. Amar a Deus, único Senhor da nossa vida, requer a totalidade de nós: «com todo o teu coração, com toda a tua alma, com toda a tua inteligência e com todas as tuas forças». Este amor não é divisível com nenhum outro. Não se chega a Deus com alguma coisa de nós. Só chegamos a Deus se formos inteiros, com todas as nossas raízes, caule, folhas, flores e frutos. A medida do nosso amor a Deus é a inteireza e a totalidade. Chegados a este ponto, impõe-se que nos interroguemos acerca do nosso real comportamento para com Deus: não sucederá que, atolados nos afazeres e preocupações do dia-a-dia, não cheguemos sequer a pensar n’Ele, não tenhamos tempo para Ele, que muitas vezes nos sintamos inseguros e cheios de dúvidas, que não saibamos sequer o que fazer com Ele? A medida do amor ao próximo tem um tempero diferente: somos nós («como a ti mesmo»).
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IN: Mesa de Palavra

1 comentário:

francisco disse...

É verdade, no amar e servir o próximo esquecendo o amar a Deus sobre todas as coisas existe a instrumentalização do próximo e esquecemos de dar ao próximo o essencial.
É o que acontece quando a salvação passa a ser uma salvação terrena num mundo melhor e deixa de ser a salvação das almas.

Deus encarnou para nos resgatar e salvar a nossa alma, permitindo uma comunhão com Deus e um abandonar o pecado e a morte eterna que não nos era possível alcançar. Está aqui a salvação. A partir daqui pomos mãos à obra, amamos a Deus sobre todas as coisas com o desejo do Céu e colocamo-nos ao serviço do próximo, trabalhando para um mundo melhor e desejando que também o próximo ame, conheça e sirva a Deus.

Em baixo na folha paroquial falam de um aspecto importante sobre o ofertório da missa e sobre o facto de as pessoas o desvalorizarem. Saliento um ponto que nos deve fazer reflectir: nos dois Domingos passados (e nos dois próximos também) a 2º leitura falou do sacerdócio eterno de Cristo o qual se aplica no sacrifício da missa. O ofertório da missa encaminha-nos para o sacrifício da missa. Por aqui infelizmente nas duas homilias não tivemos nenhuma referência à 2º leitura nem ao sacrifício da missa, se na homilia não é feita referência ao ofertório nem ao sacrifício da missa quando a Palavra de Deus nos chama a isso é natural as pessoas também acabarem por desvalorizar o ofertório.