sábado, 7 de março de 2020

"Via-sacra meditada e percorrida por reclusos"

"A reclusão é uma “via crucis”, via de cruz. Pode conduzir ao desespero, ou pode, na fé, abrir ao horizonte da Páscoa.

As breves reflexões que acompanham esta via-sacra foram amadurecidas em grupos de meditação do Evangelho, compostos por pessoas detidas na prisão de Bolonha, para partilhar a Palavra, as alegrias e as dores, as angústias e as esperanças, avançando juntos pela estrada da liberdade.

As referências diretas à condição de reclusão, em algumas passagens, são inevitáveis porquanto teria sido insípido propor reflexões desligadas da condição de vida pessoal.

São catorze estações percorridas por Jesus inocente. Nenhum de nós pode dizer o mesmo. Ele percorre-as não como um herói que nos humilha na nossa culpa, mas como irmão que toma sobre si o nosso jugo de cruz, para que não sucumbamos.

Quarta estação: Jesus encontra a sua Mãe

Pode, porventura, uma mulher abandonar o fruto das suas entranhas? Pode uma mãe deixar que o seu filho percorra caminhos de cruz sozinho? Penou uma vida para que esses caminhos lhe fossem poupados. Ensinou-lhe os trilhos da justiça e os caminhos da salvação. Mas mesmo quando descobre que não o salvou das vias dolorosas, ela está lá para lhe dar novamente a vida, para lhe dar uma vida nova.

Ser-se arrancado da própria mãe é ainda pouco comparado à dor da mãe que se vê arrancar o filho. Sabemo-lo bem, e com dor, nós que, por nossas culpas, vivemos longe da nossa família, e deixámos filhos distantes do pai e da mãe. Sabemos bem, e com esperança, que a dedicação e o amor de uma mãe não se esgota diante de qualquer provação ou dor originada por um filho. Quando a dor é de uma mãe, é sempre dor de um parto, que gera vida.

Num diálogo imaginário, assim Jesus se dirige a Maria:
«Nos teus olhos, mãe queridíssima, leio todo o desespero que vives neste momento pela condenação e sacrifício ao qual fui entregue.
Educaste-me com amor, e agora os teus olhos estão impregnados de tristeza pelo destino que me espera. A tua dor é fecunda, e abre as portas da vida a quem, pelas estradas da vida, se perdeu e me procura»,

Senhor, Filho do Pai, não permitas que ninguém seja perdido dos irmãos que foram confiados.
Cristo, nascido da Virgem Maria, a nossa vida de filhos seja honra para os nossos pais e as nossas mães.
Senhor, Filho de Deus e Filho do Homem, dá-nos a fé para renascer para a vida de filhos.
IN Pastoral da Cultura

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